Quando a natureza desperta a alma
Existe uma estreita ligação entre estes três níveis: a vitalidade individual, as emoções; aquela do mundo onde vivemos; as formas e as cores da natureza; a vitalidade que permeia o Universo, a dimensão espiritual.
"Se a Terra Tivesse um diâmetro de pouco mais de um metro e flutuasse a pouca distância do solo sobre um campo qualquer, viria gente de todo o mundo para admirar as suas piscinas de água tanto pequenas como grandes, e aqueles pedaços de terra que emergem da água. Os visitantes ficariam admirados com a camada finíssima de gás que circunda e protege esta linda bola, bem como com as minúsculas partículas de água suspensas no gás; Se maravilhariam com todas as criaturas na superfície e nas águas. E a bola seria considerada preciosa por ser única e seria protegida para que não estragasse. Seria a maior maravilha conhecida,fonte de inspiração, sabedoria e beleza. As pessoas a amariam e a defenderiam com a própria vida, sentindo que nada teria significado sem a sua existência...
Reflexões poéticas do ecopsicólogo neo-zelandês Olaf Skarsholt citado pela ecopsicóloga italiana Marcella Danon como introdução ao texto que segue:
Boa parte da solidão, da falta de sentido da vida e da "Doença da Alma " que tão freqüentemente aflige o mundo civilizado ocidental deve-se à perda de conexão com a origem da Vida e à incapacidade de fazermos as perguntas fundamentais que estão na base da nossa existência. Perguntas que manteriam mais viva a nossa atenção aos laços que temos com o mundo que nos cerca: "quem sou?", "de onde venho?", "para onde vou?"
Temos hoje um problema de alienação da dimensão espiritual e que está estreitamente ligada à alienação de nossas próprias emoções e, não por acaso, também da natureza: quando se forma um casulo em torno daquilo que consideramos o nosso pequeno e importantíssimo "eu", perdemos a capacidade de ver e de sentir aquilo que existe ao redor de nós.
Este é o problema, uma barreira que se cria entre o nosso "eu" e a nossa natureza mais autêntica que si exprime também através das emoções, o aspecto mais vital e dinâmico do nosso ser. Quando Negamos as emoções, negamos tudo o que é espontâneo e natural em nós e, de quebra, tudo quanto é natural e espontâneo no nosso entorno, e por conseguinte também tudo quanto é natural e autêntico no ambiente natural, a natureza selvagem, todo o mundo não "civilizado". Quando negamos a origem da vida material – não é por caso que se use a expressão "Mãe Terra" – nos fechamos à percepção do princípio espiritual que serve de base para toda a criação, nos fechamos a toda outra dimensão que escape da dimensão do ego. Não é de se admirar que nos sobrevenha um dilúvio de depressão e um sentido de vazio!
Para quebrar este isolamento, reentrar no circulo da vida e se re-conectar à totalidade do próprio ser, é necessário antes de tudo, afinar a capacidade de escutar, para capturar a presença e a voz do sentir-se a si mesmo, a si próprio e do sentir aos outros. Depois, é preciso desenvolver a atenção e o respeito por tudo que vive: a partir de nossas próprias emoções, até o ponto de incluir os outros seres humanos, cada outro ser vivente, a natureza em sua totalidade. Quando a abertura se torna tal ao ponto de acolher tanto o mundo pessoal interno como o mundo externo, a vida se revela aos seus níveis mais altos e o indivíduo poderá reconhecer-se como parte de um projeto muito mais amplo e não terá que sentir-se solitário ou solitária. Nunca Mais. Pelo contrário saberá estar conectado profundamente com tudo aquilo que existe.
Ecopsicologia Brasil
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