domingo, 25 de setembro de 2011

Catalunha dá adeus às touradas


Última tourada aconteceu neste domingo em Barcelona.

As touradas foram definitivamente proibidas neste domingo (25) na Catalunha, na Espanha, após um último evento que acontece nesta tarde, acompanhado por milhares de fãs da atividade em Barcelona. A prática esportiva foi banida após petição assinada por 180 mil pessoas.

Ativistas da organização Anima Naturalis comemoraram com brindes a última das "corridas" na região espanhola em frente à arena em Barcelona.

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Japão pós-tsunami


O Japão é hoje outro país

Ethevaldo Siqueira, jornal O Estado de S.Paulo

Imagine, leitor, que eu supunha ter vindo a Berlim com a proposta única de cobrir a IFA 2011, exposição e congresso que se transformaram no maior evento do mundo na área de eletrônica de entretenimento. Vim preparado para ouvir e fazer perguntas apenas sobre tendências da tecnologia nessa área e, no máximo, saber alguma coisa sobre a recuperação da indústria no Japão pós-tsunami.

Um executivo japonês, entretanto, começou sua apresentação na abertura deste evento, na sexta-feira, mostrando as imagens mais chocantes da devastação causada pelo terremoto e pelo tsunami há alguns meses. Suas palavras iniciais me tocaram e me prenderam muito mais do que toda tecnologia que viria depois:

"Minha geração nunca havia assistido a uma destruição dessas proporções. A de meus pais, quando crianças, talvez, só viu uma coisa pior: a guerra, com duas bombas atômicas. Vocês viram, talvez, pela televisão e pelos jornais, as imagens de devastação causadas pelo terremoto seguido de tsunami em 11 de março. Voltei a um dos locais destruídos, onde tínhamos uma fábrica, e quase chorei com uma emoção ainda maior: a reconstrução de meu país. Parece um milagre, mas o Japão está renascendo. E descobrimos coisas extraordinárias: como os valores de cada cidadão, o poder até desconhecido que parecia adormecido no coração de cada japonês, sua pertinácia,sua capacidade de luta, a alegria da reconstrução de cada casa, cada metro de rua ou de estrada. Cunhamos até novas palavra em kanji (alfabeto ideográfico sino-japonês) para definir o que sentimos em relação ao nosso povo: uma sociedade inquebrantável, indestrutível."

Com essas palavras, vice-presidente da Toshiba, Masaaki Osumi, primeiro palestrante notável (keynote speaker) da IPA 2011, anteontem, emocionou uma platéia de 500 jornalistas, normalmente fria. Osumi não mostrou apenas o tamanho da destruição ocorrida em seu país, mas destacou, principalmente, as lições que ela trouxe com a reconstrução.

As conclusões do dirigente da Toshiba foram para mim ainda mais surpreendentes, quando ele disse: "As consequências mais importantes do tsunami e do terremoto para o Japão não foram a devastação e o sofrimento. O mais precioso desse desastre foi o que pudemos aprender sobre a vida e sobre nosso povo. Estamos revendo quase tudo em matéria de energia e infraestrutura. Um erro fundamental do passado era pensar que a coisa mais importante para a indústria e para nossa economia era dispor de energia elétrica abundante, mesmo provindas de usinas nucleares. Nossa consciência ecológica mudou.

Podemos viver melhor com menos energia e, em especial, proveniente de fontes renováveis. Todos os nossos novos produtos consomem muito menos energia do que os dispositivos anteriores. Esse é o nosso novo conceito de tecnologia inteligente (smart technology). Pensamos mais além, em uma sociedade mais inteligente, mais solidária e muito mais sustentável."

Depois de ouvir Osumi, decidi conversar, de uma forma pessoal e exclusiva, com dois outros lideres japoneses aqui presentes: vice-presidente da Sony, Kazuo Hirai, e o diretor corporativo da Panasonic, Harayuki Ishio. Eles me disseram coisas muito semelhantes às ditas por Osumi.

A julgar pelas opiniões desses líderes, o Japão deverá erradicar progressivamente suas usinas nucleares, investirá muito mais em energias alternativas e renováveis, a começar pela energia solar. E deverá utilizar todas os sistemas de informação – a começar pela internet - para divulgar previsões sobre acidentes naturais, em especial terremotos e maremotos.

Educação. O que esses líderes japoneses nos tem mostrado aqui em Berlim, é, acima de tudo, o valor da educação. Num país onde o ensino público é de excelente qualidade, é fácil compreender porque o Japão tem obtido os melhores resultados do comportamento de sua população, dos mais jovens até os mais velhos, em especial no tocante à reação dos cidadãos aos apelos públicos para a reconstrução das cidades, da infraestrutura e dos sistemas de abastecimento.

A indústria tinha de buscar o caminho da eletrônica verde e dos produtos inteligentes. Masaaki Osumi mostrou exemplos dos novos produtos da Toshiba, exibindo o tablet e o laptop mais finos do mundo e com o menor consumo de energia. Numa foto, que ele mesmo fez, mostrou uma loja de um revendedor de produtos da Toshiba, uma pequena casa construída em menos de 60 dias no lugar onde havia um edifício arrasado pelo tsunami de março.

"Vejam: todo agora é simples aqui. Só depois de uma imensa tragédia pudemos descobrir nossa capacidade de reconstruir a importância das coisas simples. O telhado desta casa está revestido de placas com células fotovoltaicas para transformação direta da luz solar em energia elétrica", disse Osumi.

O mais surpreendente para os líderes japoneses foi perceber o quanto as novas gerações estão conscientes da questão ambiental, das mudanças climáticas, do aquecimento global e da sustentabilidade em geral. "Foi, para nós, pais e avós, uma aproximação extraordinária das gerações mais jovens. Os garotos não precisavam de muito discurso pare aderir de corpo e alma ao trabalho de reconstrução do Japão."

Conveci-me, de fato, que o Japão é hoje outro país.

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sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Maior parte de área desmatada da Amazônia virou pasto

Dados confirmam teoria de que pecuária é responsável pelo avanço das motosserras na região; ministros do Ambiente e da Ciência e Tecnologia defendem expansão da agricultura em parte das terras ocupadas com pecuária de baixa produtividade


Imagens de satélites analisadas pelo governo federal mostraram que, dos 719 mil quilômetros quadrados de árvores abatidas na Amazônia até o ano de 2008, pouco mais de 62% são ocupados atualmente por pastagens e outros 20% passam por processo de recuperação natural da vegetação.

A agricultura, sobretudo aquela destinada à produção de grãos, ocupa menos de 5% da área total desmatada - que representava, há três anos, o equivalente a 17,5% da Amazônia.

Os dados constam de estudo feito em parceria pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e apresentado ontem no Palácio do Planalto.

Inédito, esse estudo confirma a hipótese de que a pecuária é o grande motor do avanço das motosserras sobre a Amazônia. Seus resultados surpreendem sobretudo pela extensão de terras ocupadas pela pecuária, o que indica a sua baixa produtividade - principalmente nos 110 mil quilômetros quadrados em que as cabeças de gado ocupam áreas de pasto sujo (com grama e outros tipos de vegetação) ou regeneração com pasto.

De acordo com dados oficiais mais recentes, a Amazônia Legal (área um pouco maior que o bioma Amazônia considerado no estudo) reúne 71 milhões de cabeças de gado.

Também foi surpreendente a quantidade de floresta em recuperação detectada pelos satélites. Essa parcela, de 150,8 mil quilômetros quadrados - cerca de cem vezes o tamanho da cidade de São Paulo -, corresponde a 21% do total desmatado. A floresta em estado de regeneração foi apontada pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara, como um importante ativo, por funcionar na captura de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.

Já as pastagens degradadas, classificadas como pastagens com solo exposto, somam 594 quilômetros quadrados - ou 0,1% do total abatido. Trata-se de um porcentual menor que o esperado.

Código Florestal. O estudo também deve reforçar os argumentos do governo na negociação da reforma do Código Florestal, ao revelar o destino da maior parcela das áreas desmatadas. O ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) defendeu uma moratória ao desmatamento na Amazônia, proposta abandonada durante os debates no Congresso.


Novo responsável

A pecuária pode deixar de ser a responsável pelo desmatamento. Estudo do Greenpeace mostrou que o avanço do desmate em Mato Grosso já ocorre em áreas próximas à produção de grãos.


PARA LEMBRAR

Nova proposta amplia cortes

Uma das principais novidades do relatório do Código Florestal produzido pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC), em relação ao texto aprovado pelos deputados, é a definição de 20 situações em que poderá haver corte de vegetação nativa em áreas de preservação permanente (APPs) no futuro.

Na versão que passou na Câmara eram vagas as hipóteses de utilidade pública, interesse social e atividades de baixo impacto ambiental em que a intervenção ou corte de vegetação poderia ser autorizada.

Além de obras de infraestrutura destinadas à Copa do Mundo de 2014, poderão justificar o desmatamento de APPs os empreendimentos apontados pelo presidente da República ou governadores.

O novo texto foi apresentado por Luiz Henrique, relator nas próximas três comissões pelas quais a reforma de Código será analisada: Constituição e Justiça, Agricultura e Ciência e Tecnologia. A primeira votação será no dia 14.

Fonte: O estadão