quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Fosfateira embargada em SC


29/09/2009, 17:40

A Justiça Federal decidiu ontem (28/09) embargar as obras que dariam origem ao Complexo de Fabricação de Superfosfato Simples, no município de Anitápolis, Santa Catarina. Projeto das multinacionais Bunge e Yara Brasil Fertilizantes, a construção do complexo prevê a supressão de 336,7 hectares de Mata Atlântica ainda preservada para a exploração de fosfato e produção de ácido sulfúrico para produção de fertilizantes. Segundo a Associação Montanha Viva, proponente da Ação Civil Pública que resultou no embargo da obra, a pedido do Ministério Público Federal, além da destruição dos remanescentes, alguns em áreas de preservação permanente (APP), o complexo ainda causaria poluição do solo e da água, que poderia atingir 14,5% da Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão.

Também são citados na ação, impactos causados pela construção de barragens para bacia de rejeitos – contenção de lama do minério residual -, da linha de transmissão, que interferirá em 74 hectares de mata nativa e contornará os limites do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, do transporte de enxofre necessário para produção do fertilizante, além dos impactos sociais causados pela atração de mão-de-obra par ao local, que não possui infraestrutura habitacional, de saúde, educacional e de segurança-pública. Atualmente, a área destinada para construção do empreendimento vem sendo pleiteada para a criação do Parque Nacional do Campo dos Padres, “o que demonstra mais uma vez a importância do local do ponto de vista ambiental”, diz texto da ação.

Segundo o biólogo Jorge Albuquerque, presidente da Associação Montanha Viva, não-governamental que há vários meses luta pela não implementação do projeto, como vem noticiando O Eco, este foi ainda o “primeiro tempo” de uma disputa que promete ir longe. Além das empresas Bunge e Yara Fertilizantes, são rés no processo, entre outros órgãos, a Fundação de Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma) e o Ibama, que estão proibilidos de emitir autorizações para desmatamento na área.

Fonte: O Eco

Saiba mais: Baixe a apresentação em slides, aqui!

Ação contra fosfateira em SC
- Ambientalista agredido em SC

Assine o abaixo-assinado, aqui!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Fosfateira: uma questão de vida (ou morte)


por Ana Echevenguá

“Eu às vezes fico pensando em como seria se os brasileiros falassem. Se protestassem contra o que lhes fazem, se fizessem discursos indignados em todas as filas de matadouro, se cobrassem com veemência uma participação em tudo o que produzem para enriquecer os outros, reagissem a todas as mentiras que lhes dizem, reclamassem tudo que lhes foi negado e sonegado e se negassem a continuar sendo devorados, rotineiramente, em silêncio. Não é da sua natureza, eu sei, só estou especulando. Ainda seriam dominados por quem domina a linguagem e, além de tudo, sabe que fala mais alto o que nem boca tem, o dinheiro. Mas pelo menos não os comeriam com a mesma empáfia”. (Luis Fernando Veríssimo, O Mundo é Bárbaro, pag. 46).

O caso da fosfateira – Indústria de Fosfatados Catarinense, joint-venture das multinacionais Bunge e Yara – é umas das poucas brigas de ecochatos que ganhou espaço na mídia nacional. E esse pessoal é pretensioso: quer ser ouvido na Noruega, sede da Yara/Bunge. Será que consegue? Afinal, ecochato só incomoda, só quer confusão, o que ele fala é bobagem que não vende jornal porque não está avalizado por doutores, pós-doutores, gente grande, donos do poder…

Recordo quando o professor Jorginho me ligou dizendo que havia conseguido um espaço no Diário Catarinense. E da sua frustração nos dias seguintes porque a repórter desprezou a sua versão dos fatos. Ora, ora, professor das montanhas vivas: o que a gente poderia esperar da nossa imprensa??

Aí, o grande jornalista Haroldo Castro publicou “uma chamadinha” em sua coluna Viajologia* que rendeu bastante: “Falei sim. Apenas uma palavrinha. Mas depois passei a pauta adiante para a Época e eles fizeram a matéria”.

Agora, Diário Catarinense, Estadão e outros estão divulgando o caoso. Afinal, os indignados não sossegam: deram uma tacada de mestre: pediram ajuda à Assembléia Legislativa de SC. Quem sabe faz a hora… Os deputados, em eterna campanha para reeleição, aceitaram a realização de audiências públicas em cidades que serão atingidas pelo projeto da IFC.

Claro que esses deputados só querem pedir votos, sair na foto. São os mesmos que criaram nosso Código Ambiental Inconstitucional, que transformaram a maior unidade estadual de conservação – Parque da Serra do Tabuleiro – em “Área de Livre Especulação”…

Bom, a ALESC promoveu uma audiência em Braço do Norte, no dia 25 último. A FATMA não compareceu. Pra quê? Pra explicar como e por que já concedeu a LAP – Licença Ambiental Prévia para a IFC? E por que vai licenciar a supressão de Mata Atlântica para implantação de fábrica??? Eles já explicaram tudinho, gente! Afinal, “Esse foi um dos projetos mais complexos e estudados pela Fatma”**, afirmou Murilo Flores, presidente desta.

Além disso, Luiz A. Correa, também da FATMA, disse que na audiência de Anitápolis, “não houve manifestação pró e contra. Foi uma audiência que chamou a atenção por um nível muito bom”***. Pelo teor da notícia da qual extraí esta frase, sobre dúvidas e temores sobre o empreendimento, parece que este técnico da FATMA está falando de outra audiência.

Voltando a Braço do Norte, o presidente da audiência – que foi eleito na região catarinense destruída pelos “Donos do Carvão” e que nunca fez nada para mudar esta situação – concedeu 30 minutos para a IFC apresentar o projeto.

Pasmem! Nada de técnicos falando complicado, explicando A + B = Desenvolvimento Sustentável. Colocaram um filme legal na telinha. Uma maravilha de empreendimento, emprego, desenvolvimento, segurança… Só faltaram as pipocas. Olha, do jeito exposto, qualquer um gostaria de morar ao lado ou abaixo da fosfateira!

Vendo tudo aquilo, até pensei: essa gente de Anitápolis está preocupada com o quê? Tudo 100% seguro. Os trabalhos terão supervisão e fiscalização de equipes internacionais, sabiam??? Acho que nem eles confiam no trabalho da FATMA e IBAMA (risos).

Se a Adriana e seu esposo não reclamassem, teríamos um longa metragem de 2 horas, eu acho. Aí, eles avisaram aos deputados que a IFC estava abusando. Político não usa relógio, Adriana! Eles controlam tudo, até o tempo.

Inútil dizer que as cifras do projeto de R$ 550 milhões já cativaram os donos do poder: R$2,5 milhões anualmente em arrecadação municipal e R$ 7,5 milhões para os cofres estaduais e federais. O prefeito de Anitápolis, Saulo Weiss, vai entrar pra história como o Prefeito da Fosfateira: “Se o projeto vingar, a cidade verá o orçamento passar de R$ 4 milhões para R$ 6,5 milhões”. (Cuidado, prefeito: o eleitor tem memória!)

É a velha história da geração de empregos e tributos para justificar lucro em detrimento do meio ambiente e da saúde dos seres vivos. E a gente nem sabe se esse dinheiro vai entrar nos cofres públicos já que a IFC ganhou todos os incentivos fiscais necessários.

Mas os demais números do projeto, mesmo na produção cinematográfica bungeana, assustam: extração de 1,8 milhão de toneladas de fosfato por ano que gerará uma cratera a céu aberto, 1,2 milhão de rejeito (só 13% do fosfato extraído é utilizado), produção de 500 mil toneladas de super fosfato simples, 200 mil toneladas de ácido sulfúrico, uso de muita água captada no Rio dos Pinheiros. Uma barragem de rejeitos construída a 600 m acima do nível do mar, numa região de alto risco a erosão e deslizamentos, conforme estudos do Comitê da Bacia do Tubarão; e suscetível a enxurradas e trombas d’água.

Pra situação não ficar tão escandalosa, a FATMA até admite riscos na barragem de rejeitos: “Tecnicamente, é impossível falar que não existe risco. Toda e qualquer obra de engenharia apresenta riscos”.

O impacto é regional. A obra está dentro da bacia hidrográfica do rio dos Pinheiros, um dos 19 rios da bacia hidrográfica do rio Braço do Norte. Assim, de imediato, serão atingidas Anitápolis, Santa Rosa de Lima, Rio Fortuna, Grão Pará, Braço do Norte e São Ludgero.

A extração do fosfato – lixiviável e hidrossolúvel – vai provocar, com certeza, contaminação dos recursos hídricos e solo da região. Além disso, esses produtos tóxicos circularão pelo estado. Ácido sulfúrico e o enxofre (importados) saírão do porto de Imbituba (litoral sul) e chegarão a Anitápolis em caminhões. O produto final irá para Lages (planalto serrano) onde o superfostafo será armazenado e escoado (dizem!) por ferrovia.

Quanto ao uso da água, o promotor estadual Luís Eduardo Souto, na audiência que ocorreu na ALESC, foi claro: “Não sabemos se quantidade de águas que temos é suficiente para as atividades econômicas do Estado. Sem políticas públicas de planejamento ecológico e econômico é difícil saber o impacto do empreendimento”. E reforçou: “a empresa precisará de água para funcionar, mas que o Estado não tem um projeto de política de recursos hídricos e que não há conhecimento da quantidade de água existente nos rios catarinenses”****.

Somente por este fato, o licenciamento deveria ser negado. Cadê a absoluta certeza científica? Cadê o princípio da precaução, gente? Ou cadê o bom senso dessa gente? Todos foram seduzidos pela lógica imediatista da economia (tributos, empregos, …), ainda que falaciosa? E a lógica dos efeitos nefastos que um empreendimento desses pode causar à saúde e ao ambiente é irrelevante. A gente vê isso depois???

Caro leitor, ainda que não seja ‘da sua natureza’, como falou Veríssimo, entre nessa luta, junte-se a esses ecochatos que querem defender Anitápolis, um paraíso onde a agricultura familiar é responsável pela subsistência de 80% da população de 4 mil habitantes, e as demais regiões que serão degradadas pela IFC.

A luta conta com o apoio de professores pesquisadores da UFSC, UDESC, UNIBAVE… Mas precisa do apoio de cada um dos que sonham com um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Fale! Proteste! Reclame! É a nossa saúde e a dos nossos filhos que está em jogo; banir a IFC (e seus adeptos) do nosso chão é uma questão de vida! Infelizmente, estamos “sendo devorados, rotineiramente, em silêncio”.

Publicado aqui!

domingo, 27 de setembro de 2009

Estamos vivendo "A Era da Estupidez"



O filme que teve estréia mundial em 22 de setembro, mostra a que ponto chegou a destruição ambiental no mundo e alerta para a responsabilidade de cada indivíduo em impedir a anunciada catástrofe global. Misturando documentário e ficção, o longa é estrelado pelo ator indicado ao Oscar, Pete Postlethwaite, que interpreta um velho sobrevivente no devastado mundo de 2055. Ao assistir a diversas imagens de arquivo do início do século 21, ele se pergunta, arrependido, por que não prevenimos as mudanças climáticas do nosso planeta enquanto ainda havia tempo?

sábado, 26 de setembro de 2009

ECOPSICOLOGIA - Espiritualidade e Meio Ambiente



por Marco Aurélio Bilibio - Psicólogo e Teósofo.

“A raiz da crise ambiental está na dimensão psicológica e espiritual”.

“crescimento sem limites vem moldando todo nosso cenário civilizatório, e gerado uma crise que é multidimensional, é uma crise política, é uma crise econômica, porque o modelo econômico não consegue resolver a questão da sobrevivência... mas é também uma crise psicológica, é uma crise existencial, é uma crise espiritual”.

“Até onde a psicologia tem ajudado ou atrapalhado na relação do ser humano com o planeta?”

Os conteúdos do inconsciente ecológico representam em algum grau e em algum nível de mentalidade, o registro vivo da evolução cósmica. “Voltando atrás as mais distantes condições da história e no tempo nos quais o ser humano se desenvolveu”.

“O centro da mente humana é o inconsciente ecológico”.

Para ecopsicologia – “a repressão do inconsciente ecológico é a raiz mais profunda da loucura coletiva como se poderia chamar a relação do ser humano com o seu ambiente natural”.

“O EGO ecológico amadurece na direção de um censo de responsabilidade ética para com o planeta que é vivamente experenciado como nossa responsabilidade ética para com outros povos e outros seres”.

“Entre os projetos terapêuticos mais importantes da ecopsicologia, está à reavaliação da compulsividade masculina que permeia nossa estrutura de poder político, e o qual impulsiona a dominar a natureza como se ela fosse alienada de nós em um campo sem direito”.

“O que quer que contribua para formas sociais de pequena escala e fortalecimento das instâncias pessoais de decisão, estão de acordo com a ecopsicologia”.



“Esse questionamento não significa rejeitar o gênio tecnológico da nossa espécie, principalmente as medidas que aprimoram a vida que o poder industrial tem trazido... isso tudo não deve refletir uma reflexão anti-industrial, porque evidentemente ela está se referindo ao EGO urbano de uma sociedade industrial”.

"A repressão de nosso 'inconsciente ecológico', é a causa mais profunda da insanidade coletiva que assola a sociedade industrial."

“A ecopsicologia sustenta que exista uma interação sinérgica entre o bem estar planetário e o bem estar pessoal. As necessidades do planeta são as necessidades das pessoas. E os direitos das pessoas são os direitos do planeta”.

“Estudos contemporâneos concluem que a complexidade da natureza, nos mostram que a vida e a mente emergem de uma história evolucionária de sistemas naturais que culminam numa sequência de sistemas físicos e biológicos, mentais e culturais que nós chamamos de universo”.

(Trechos extraídos deste vídeo)

Extraído do livro “Ecopsicologia, Restaurando a Terra e Curando a Mente” – Theodore Roszak.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Água que abastece Florianópolis pode estar contaminada


Água contaminada?

Ministério Público Estadual entrou com ação civil pública visando resguardar o manancial de Pilões de possível contaminação por agrotóxicos. O processo foi ajuizado pelo Promotor de Justiça José Eduardo Cardoso, da na Promotoria Temática da Serra do Tabuleiro. Ele requer que seja concedida medida cautelar para que seja determinado ao município de Santo Amaro da Imperatriz, à Fatma, à Casan e ao Estado que adotem medidas para fazer cessar o uso, depósito e emprego de quaisquer substâncias agrotóxicas e afins, ou componentes destinados à correção do solo, na localidade de Vargem do Braço, junto ao manancial de Pilões. A informação sobre a possível contaminação do manancial de Pilões por agrotóxicos foi dada pela Epagri-SC, esclarecendo que ocorreria em razão de atividade agrícola praticada próximo ao ponto de captação de água pela Casan.

Fonte: ClickRBS

>>> leia mais: Justiça mantém a permissão para ocupação em área dentro do Parque Estadual do Tabuleiro

Agrotóxicos no seu estômago, artigo de João Pedro Stedile

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Yin e Yang: o equilíbrio do movimento


“Atualmente vivemos uma conjuntura toda particular, marcada pelo excesso. Perdemos a coexistência do yin com o yang, de Apolo com Dionísio. Se não encontrarmos um ponto de equilíbrio tudo pode acontecer, até um flagelo antropológico. Precisamos de uma loucura sábia que possibilite uma nova síntese entre esses dois pólos para reinventar um novo caminho que nos garanta o futuro”.

por Leonardo Boff, teólogo.

tradição do Tao vê a história como um jogo dialético e complementar de dois princípios: yin e yang, forças subjacentes a todos os fenômenos humanos e cósmicos. Procurando luzes para entender e sair da crise global talvez este olhar holístico dos sábios orientais nos possa inspirar.

A figura de referência para representar estes dois princípios é a montanha. O lado norte, coberto pela sombra, é o yin, que em chinês quer dizer sombreamento e corresponde à dimensão Terra. Ele se expressa pelas qualidades da anima, do feminino nos homens e nas mulheres: o cuidado, a ternura, a acolhida, a cooperação, a intuição e a sensibilidade pelos mistérios da vida.

O yang significa a luminosidade do lado sul e corresponde à dimensão Céu. Ele ganha corpo no animus, as qualidades masculinas no homem e na mulher como o trabalho, a competição, o uso da força, a objetivação do mundo, a análise e a racionalidade discursiva e técnica.

A sabedoria milenar do Taoísmo ensina que estas duas forças devem ser balanceadas para que o caminhar das coisas se faça de forma, a um tempo, dinâmica e harmônica. Pode ocorrer que uma predomine sobre a outra, mas importa buscar, o tempo todo, o equilíbrio difícil entre elas.

O yin e o yang remetem a uma energia mais originária, um círculo que contem a ambos: o Shi. O Shi é a energia cósmica que tudo sustenta, penetra e move A teologia yorubá e nagô, tão presentes na Bahia, ensina que essa energia é o Axé universal, com as mesmas funções do Shi. Os cristãos falam do Spiritus Creator, ou do Sopro cósmico, que enche e dinamiza toda a criação. Os modernos cosmólogos se referem à constante cosmológica que é Energia de fundo que produziu aquele minúsculo ponto que se inflacionou e depois explodiu - big bang - dando origem ao nosso universo. Após esta incomensurável explosão a Energia de fundo se desdobrou nas quatro forças fundamentais que atuam sempre juntas e que subjazem a todos os eventos - a energia gravitacional, eletromagnética, nuclear fraca e forte - para as quais não existe, na verdade, nenhuma teoria explicativa.

Nossa cultura ocidental, hoje globalizada, rompeu esta visão integradora e dinâmica. Ela enfatizou tanto o yang que tornou anêmico o yin. Por isso, permitiu que o racional recalcasse o emocional, que a ciência se inimizasse com a espiritualidade, que o poder negasse o carisma, que a concorrência prevalecesse sobre a cooperação e a exploração da natureza descurasse o cuidado e o respeito devidos. Este desequilíbrio originou o antropocentrismo, o patriarcalismo, a pobreza espiritual, a cultura materialista e predadora e a atual crise ecológica global.

Somente com a integração da força do yin, da anima, da logique du coeur (Pascal), do mundo dos valores, corrigindo a exacerbação do yang, do animus, do espírito de dominação, podemos proceder às correções necessárias e dar um novo rumo ao nosso projeto planetário.

Na tradição do cânon ocidental expressamos o mesmo fenômeno do yin e do yang referindo-nos a duas figuras mitológicas: Apolo e Dionísio.

A dimensão Apolo está no lugar da ordem, da razão, da disciplina, numa palavra da lei do dia sob a qual se rege a sociedade organizada. A dimensão Dionísio representa a liberdade face às leis, a coragem de violar interditos, a exaltação da alegria de viver e a inauguração do novo, numa palavra, a lei da noite, que é o momento em que as censuras caem e tudo fica gris e indefinido.

Atualmente vivemos uma conjuntura toda particular, marcada pelo excesso. Perdemos a coexistência do ying com o yang, de Apolo com Dionísio. Se não encontrarmos um ponto de equilíbrio tudo pode acontecer, até um flagelo antropológico. Precisamos de uma loucura sábia que possibilite uma nova síntese entre esses dois pólos para reinventar um novo caminho que nos garanta o futuro.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Mobilização FORA fosfateira atinge seus objetivos





SBT de Santa Catarina e Roberto Salum vestem nossa camiseta do FORA FOSFATEIRA



Extraído do blog Associação Montanha Viva

A humanidade correndo para o abismo


Um discurso ainda em moda é o de que vivemos numa época em que se exige velocidade em todos os campos, como se a pressa fosse uma alta qualidade e não o péssimo defeito demonstrado pela prática. O resultado nós vimos no século XX, um século no qual se destruiu mais do que em todos os outros anteriores somados.

Depois dessa correria destrutiva, já era tempo do ser humano ter a percepção de agora é preciso focar a agilidade e rapidez no ataque às conseqüências devastadoras deste desenvolvimento sobre a natureza. O mundo agora tem que correr para reverter o mecanismo destrutivo que acabou sendo impulsionado pela exploração impensada dos recursos do planeta.

O que se prevê para o meio ambiente global é um cenário de filme de ficção-científica, do tipo “disaster movie” norte-americano. E além do filme já ter iniciado, cada momento assustador é substituído por algo pior, com previsões catastróficas sendo desmentidas por novos números que aumentam sempre o nível de temor.

Logo que assumiu o cargo, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, fez uma visita à Antártica para ver com os próprios olhos os efeitos do aquecimento. A viagem foi em novembro de 2007 e ele pode então observar o derretimento das geleiras.

Na volta, o secretário-geral expressou sua preocupação com o que viu e falou da falta de vontade política, já que dinheiro para resolver o problema nunca faltou.

Não se passaram dois anos e a situação piorou bastante. Estudos atualizados mostram que a velocidade do aquecimento global é bem maior do que se divulgava até o momento em que Ban Ki-Moon botou os pés na superfície gelada da Antártica. Lembra novamente a imagem do “disaster-movie”, esta realidade trágica que parece filme. Hoje, estamos no pior cenário previsto pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Em entrevista no início deste mês, depois de visitar novamente a camada de gelo do oceano Ártico, desta vez na costa da Noruega, o secretário-geral falou sobre estes números novos. “Até o final deste século, o nível dos mares pode subir entre meio metro e dois metros,” disse ele, falando sobre um dos efeitos do aquecimento global.

Continue lendo, aqui!

sábado, 19 de setembro de 2009

NÃO à Fostateira de Anitápolis (SC)

COMPAREÇAM EM RANCHO QUEIMADO DIA 20 DE SETEMBRO 2009

(clique na imagem para ampliar)

Assine o abaixo-assinado, aqui!

Acompanhe a mobilização aqui!

Leia mais: Impacto ambiental de instalação de fosfateira em Anitápolis preocupa moradores

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Florianópolis participa de mutirão mundial de limpeza e conscientização ambiental


Meta do Clean Up the World é mobilizar 35 milhões de pessoas em 120 países

Pela primeira vez, Florianópolis fará parte do Clean Up the World Weekend, evento mundial que promove limpeza de áreas verdes e conscientização ambiental. Na Capital, as atividades estão programadas para sábado, às 9h, no trapiche da avenida Beira-Mar Norte e na praça da Lagoa da Conceição.

O Clean Up the World conta com a participação de 35 milhões de pessoas em 120 países. Sempre no terceiro final de semana de setembro, há o Clean Up the World Weekend, onde as atividades são promovidas por voluntários em todo o mundo.

Na capital catarinense, a expectativa é que cem a 150 pessoas participem, segundo um dos organizadores locais, Edmilson Carlos Pereira Júnior, presidente do Instituto Lagoa Social.

Quem quiser participar deve estar nos locais de concentração às 9h de sábado para fazer a inscrição e garantir a camiseta e o certificado. A limpeza será feita na região da Avenida Beira-Mar Norte e da Lagoa da Conceição.

Instituições de São Francisco do Sul (Prainha e Praia Grande) e Balneário Barra do Sul (Praia da Boa da Barra) também estão inscritas no site oficial para participar do evento, junto com outras cidades brasileiras como Manaus (AM) e Petrópolis (RJ).

O Clean Up the World tem o apoio das Nações Unidas e procura promover atividades como reciclagem, plantio de árvores, campanhas de educação e conscientização sobre a conservação da água.

(ClicRBS, 16/09/2009)

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

A raiva no cardápio


A raiva, a frustração e o desespero que sentimos têm muita relação com o nosso corpo e com os alimentos que ingerimos. Precisamos, portanto, cuidar bem da nossa alimentação para nos protegermos contra a raiva e a violência. A maneira como cultivamos os alimentos, o tipo de comida que ingerimos e o modo como comemos podem trazer a paz e aliviar o sofrimento.

Nossa comida desempenha um papel muito importante na raiva que sentimos. Os alimentos podem conter raiva. Quando comemos a carne de um animal que estava com a doença da vaca louca, a raiva está presente nessa carne. Esta é uma constatação óbvia, mas precisamos também prestar atenção nos outros tipos de alimentos que ingerimos. O ovo ou o frango que comemos também podem conter uma grande quantidade de raiva. E, se comermos a raiva, expressamos a raiva.

Hoje em dia, as galinhas são criadas em larga escala em fazendas onde não podem andar, correr e ciscar. São alimentadas exclusivamente pelos seres humanos e mantidas em pequenas gaiolas de 30cm sem poder se mexer, sendo obrigadas a ficar de pé noite e dia. Pense na possibilidade de você não ter o direito de andar ou correr. Imagine ter que permanecer noite e dia no mesmo lugar durante toda sua vida. Você enlouqueceria. É isso o que acontece com as galinhas: ficam loucas.

Para que as galinhas produzam mais ovos, criam-se o dia e a noite artificiais, usando uma iluminação com o objetivo de fazer dias e noites mais curtos, para que as galinhas ponham mais ovos. Essas aves acumulam muita raiva, frustração e sofrimento, e expressam esses sentimentos atacando as galinhas que estão perto delas, usando o bico para ferir as outras. Com isso elas sangram, sofrem e morrem. Para evitar que a frustração faça com que as galinhas ataquem umas às outras, os criadores agora cortam seus bicos.

Pense nisso: quando você come a carne ou o ovo de uma dessas galinhas, está ingerindo raiva e frustração. Preste atenção. Tome cuidado com o que você come. Se ingerir raiva, você terá e expressará raiva. Se comer desespero, sentirá e manifestará desespero. Se engolir frustração, expressará frustração.

Temos que comer ovos alegres de galinhas felizes. Precisamos beber um leite que não venha de vacas raivosas. Deveríamos tomar o leite orgânico de vacas criadas de um modo natural, ou mesmo o leite de soja. É preciso haver um grande movimento que estimule e apóie os fazendeiros, encorajando-os a criarem seus animais da maneira mais respeitosa possível. Também precisamos comprar legumes e verduras cultivados organicamente.

Publicado originalmente no blog para ser zen.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Ativistas do Greenpeace se vestem de vacas para protestar pelo clima


Ativistas do Greenpeace vestidos com fantasias de vacas fizeram uma manifestação nesta segunda-feira (14) na avenida Paulista, em São Paulo. Munidos com cartazes com frases como "desmatamento causa aquecimento global" e "sem florestas, não há clima", o objetivo dos ambientalistas era alertar para a influência do desmatamento sobre o clima.

Protestos como os desta segunda em São Paulo também foram organizadas no Rio de Janeiro e em Salvador. As ações fazem parte da "Semana de Mobilização pelo Clima" do Greenpeace.

A escolha das fantasias de "vaquinhas" foi uma referência ao desmatamento na Amazônia. Segundo relatório de monitoramento da ONG Imazon divulgado este mês, o aumento do desmatamento na região em julho, quando comparado ao mesmo período de 2008, foi em grande parte causado pelo avanço da pecuária sobre as florestas, principalmente no Pará. O Estado concentrou 70% das áreas desmatadas verificadas no mês de julho.

O calendário de mobilização do Greenpeace prevê mais protestos amanhã (15) em Manaus, Belo Horizonte, Porto Alegre e Recife, além de mutirões de limpeza de praias no fim de semana e outras intervenções.

O objetivo das manifestações é pressionar o governo brasileiro a assumir uma posição de liderança na Conferência da ONU sobre o clima, que acontece em dezembro, em Copenhague (Dinamarca). (Fonte: UOL Notícias)

domingo, 13 de setembro de 2009

Cerrado já emite CO2 nos mesmos níveis que a Amazônia


A pecuária e o seu rastro de devastação nos ecossistemas do Brasil

A pecuária extensiva e o plantio da soja para exportação (para alimentar o gado) são apontados como os vilões da degradação do Cerrado. A constatação é parte de um estudo do MMA.

Leia o artigo, aqui!

Não sei porque, mas lembrei de um outro artigo postado aqui: Ambientalistas que comem carne: uma contradição?

sábado, 12 de setembro de 2009

Devolva a água


Esta ponte em Eihei-Ji (Japão), mosteiro criado pelo mestre Zen Dogen Zenji, é chamada a ponte de meia concha de profundidade, Dogen ensinou que ao tomar a água do riacho aquela que sobra deve ser devolvida ao riacho, este ensinamento da prática do Zen tem vários e profundos significados sobre os quais devemos pensar.

Postado originalmente no blog O Pico da Montanha

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Construindo com tijolos ecológicos


Professor da FEC coordena pesquisas focadas em materiais alternativos

É muito grande a diversidade de pesquisas realizadas nas universidades brasileiras. Há docentes que se dedicam essencialmente à pesquisa básica com o objetivo de oferecer contribuições teóricas ao desenvolvimento de sua área de atuação; há os que esperam que elas possam de alguma forma vir a alavancar significativos incrementos no desenvolvimento científico e até contribuir para avanços tecnológicos; há os que trabalham com vistas a descobertas que possam ser implementadas em produtos oferecidos no mercado; há os que esperam de alguma forma dar retorno mais imediato à sociedade que arca com o custo da pesquisa e do ensino universitário oficial no Brasil. É neste último grupo que se situa deliberada e preferencialmente o professor Armando Lopes Moreno Junior, do Departamento de Estruturas da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) da Unicamp, um dos responsáveis pelos estudos desenvolvidos no Laboratório de Estruturas e Construção Civil da Faculdade.

Com efeito, o pesquisador mantém uma linha de pesquisa envolvendo o emprego de materiais alternativos na construção civil com o objetivo de oferecer para as comunidades carentes processos construtivos mais baratos e utilizáveis pelos seus próprios membros. Com essa preocupação, ele procura desenvolver alternativas para a fabricação de tijolos ecológicos, estuda a construção de lajes, vigas e colunas com a utilização de tiras de bambu em substituições às tradicionais armaduras de aço, e pesquisa a utilização da cola de PVA (cola branca comum) no assentamento de tijolos em lugar da argamassa convencional constituída de areia, cal e cimento. Continue lendo!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

UE apoia proibição a comércio de atum rabilho ameaçado de extinção


A Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia) apoia a interdição do comércio de atum rabilho se os próximos relatórios científicos confirmarem a urgência de medidas para preservar a espécie, cujas possibilidades de pesca têm baixado anualmente.

O comissário europeu para o Ambiente, Stavros Dimas, anunciou, em comunicado, o seu total apoio a uma proposta apresentada por Mônaco para acrescentar o atum rabilho ao Anexo I da Convenção da ONU sobre o Comércio internacional de espécies ameaçadas de extinção (Cites).

A interdição da comercialização implica a parada da atividade pescatória.

Em novembro, a Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT), organização regional de gestão da pesca que gere as capturas de atum rabilho, irá reunir-se e apresentar um relatório científico sobre a espécie e fazer recomendações sobre os totais permitidos de capturas.

Se confirmarem-se as piores previsões e se os Estados-membros com quotas de pesca de atum rabilho não tiverem a iniciativa de preservar a espécie, Bruxelas poderá banir a sua comercialização.

A proposta será apresentada aos 27 já no dia 21 e terá que ser apoiada pela maioria para se tornar uma posição oficial da União Europeia.

A cota de pesca de atum rabilho para Portugal é, este ano, 387,3 toneladas, uma quebra de 23% em relação a 2008.

Todos os países à volta do Mediterrâneo têm interesse na pesca do atum rabilho e os Estados-Membros no seu conjunto detêm 57% do total admissível de capturas, sendo a parte da Tunísia, Marrocos, Argélia e Líbia de 27% e a do Japão de 9%.

Entre os restantes países que participam na pesca do atum rabilho figuram a China, a Croácia, a Coreia e Taiwan.

A campanha do atum rabilho é agora supervisionada pela Comissão Europeia, em estreita cooperação com a Agência Comunitária de Controlo das Pescas, graças a uma campanha de inspeção e controlo sem precedentes.

A agência foi criada após a sobrepesca substancial explorada pela frota europeia em 2007 e as importantes lacunas detectadas no acompanhamento em todos os Estados-membros envolvidos na pescaria.

O atum rabilho do Leste (Atlântico Este e Mediterrâneo) tem sido objeto de sobrepesca desde há muitos anos, tendo os cientistas advertido frequentemente contra o perigo de ruptura desta população se nada for feito para reduzir drasticamente o nível da atividade de pesca.

Os elevados níveis de sobrepesca não declarada e não regulamentada foram, principalmente, identificados como motivo essencial do declínio da espécie.

A próxima reunião da Cites está agendada para março de 2010.

Reportagem da Agência Lusa, publicada pelo EcoDebate, 10/09/2009

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Do pré-sal ao pós-carbono


A descoberta do petróleo no pré-sal e suas consequências para o Brasil são assuntos de enorme importância, mas estão sendo discutidos de maneira que mais confunde do que esclarece.

Os recursos advindos dessa descoberta deveriam ajudar o país a construir os meios para a superação, ao longo do tempo, da dependência das energias fósseis e do modelo de desenvolvimento que elas simbolizam. Que produz bens e riqueza material e também pobreza extrema, degradação dos recursos naturais, poluição, doenças.

E se escora em razões que parecem se bastar, sem levar em conta que tornam praticamente inalcançável, para a maioria das pessoas, uma vida digna e saudável.É absurdo não perceber que a nova fonte de petróleo, que ainda será estratégico e indispensável por décadas, deveria servir ao propósito inovador de criar as condições de trânsito para aquilo que se mostra cada vez mais inescapável: uma economia de baixo carbono e uma sociedade pós-ideologia do consumo.

Para chegar a esse futuro, é fundamental entendermos hoje como as prioridades se relacionam. Tomemos a educação no Brasil. Precisa estar no topo das prioridades, não apenas para ser um sistema mais eficiente do ponto de vista tradicional, mas, sim, para colocar crianças e jovens em diálogo com os novos paradigmas que serão a marca deste século. Por sua vez, isso depende de pesquisa científica e tecnológica para o desenvolvimento de novos materiais, fontes de energia renovável e práticas produtivas baseadas nos amplos recursos naturais de que o Brasil dispõe.

Nessa nova sociedade, a redução da pobreza e das desigualdades sociais será objetivo indissociável da educação de qualidade, da capacidade tecnológica, da sustentabilidade socioambiental, venham os recursos de onde vierem.

O ufanismo com os números do pré-sal não pode jogar para debaixo do tapete a necessidade de mitigar a emissão de carbono, ampliando o combate ao desmatamento e os programas de reflorestamento.

A novidade, a rigor, só aumenta nossa responsabilidade ética em propor metas obrigatórias de emissão de carbono em Copenhague, no final deste ano. Pré-sal e o papel do Brasil em Copenhague não são assuntos estanques. São a mesma equação, embora a discussão em curso não reflita isso.

O desenho de um novo Brasil não pode estar contido na camisa de força da tramitação em regime de urgência do marco legal do pré-sal, feita para contemplar cronogramas políticos e sem a participação da sociedade, essencial porque estamos numa democracia e porque as questões reais precisam ter, pelo menos, chance de vir à tona.

Fonte: Mercado Ético

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Carro elétrico brasileiro


Fiat sai na frente e lança o primeiro carro elétrico do Brasil.

Veja mais fotos aqui!

Anvisa proíbe uso de agrotóxicos que contenham Endosulfan e acefato


Os produtores de algodão, cacau, café, cana-de-açúcar e soja não poderão mais utilizar agrotóxicos que tenham, em sua composição, o ingrediente ativo Endosulfan. A medida foi anunciada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que suspendeu a importação e o registro de novos agrotóxicos à base dessa substância

A Anvisa proibiu também o uso de acefato nas culturas de amendoim, batata, brócolis, citros, couve, couve-flor, cravo, crisântemo, feijão, fumo, melão, pimentão, repolho, rosa e tomate.

De acordo com nota divulgada pela agência, o acefato só poderá ser usado em algodão e soja, até 31 de outubro de 2013. Foi recomendada, ainda, a proibição da substância para uso doméstico e jardinagem. A ingestão diária aceitável do produto deixa de ser de 0,03 miligramas por quilo (mg/Kg) de peso corpóreo/dia, passando para 0,0008 mg/kg.

Quanto à aplicação, a Anvisa proibiu que seja feita de forma manual ou por meio de bombas penduradas nas costas de quem aplique o produto.

As restrições de uso desses dois ingredientes ativos de agrotóxicos é baseado em estudos que apontam para graves danos de saúde relacionados ao uso dessas substâncias. Por este motivo, tanto o acefato como o Endosulfan já foram banidos em vários países do mundo.

No Brasil, os agrotóxicos à base dessas duas substâncias ainda poderão continuar sendo utilizados pelo prazo de 60 dias. Durante esse prazo, a Anvisa aceita contribuições para as consultas públicas abertas para fazer uma revisão dos dados toxicológicos dos produtos. As contribuições podem ser feitas pelo site da Anvisa ou pelo e-mail toxicologia@anvisa.gov.br.

Reportagem de Pedro Peduzzi, da Agência Brasil, publicada pelo EcoDebate, 08/09/2009.

domingo, 6 de setembro de 2009

O próximo deserto pode ser paranaense


Os desertos não são necessariamente ambientes naturais. Eles podem se formar como consequência direta da exaustão dos solos, após o uso intensivo e insustentável da vegetação e dos recursos hídricos. Mas quem um dia iria pensar que o Paraná, dos famosos solos de terra roxa, estivesse indo por este caminho? A região do Arenito, no noroeste do estado, é prova de que sem cuidados não há solo que resista à sanha exploratória da colonização nacional.

Nos arredores de Umuarama – de onde milhares de colonos paranaenses saíram nos anos 70 pressionados pela mecanização do campo para ocupar a Amazônia – um programa regional de arrendamento de terras fez o plantio de soja aumentar 750% de 1997 a 2007. O plano foi um fracasso: produtividade baixa e abandono do plantio por muitos produtores. A agricultura não cuidou do solo, já degradado pela pecuária, desde os anos 1950.

Ali, as décadas de exploração não levaram em conta uma característica natural que faz a região altamente suscetível à desertificação, a exemplo do que ocorre no sudoeste e sul do Rio Grande do Sul, em áreas de Minas Gerais e estados do nordeste, no semi-árido. Também conhecida como Arenito, a porção noroeste se estende por 16% do território paranaense e abrange 107 municípios. Cerca de dois milhões, dos 3,2 milhões de hectares da região, são ocupados pela atividade pecuária. Pelo menos 80% são considerados de baixa produtividade.

A área é chamada Arenito Caiuá por causa da sua textura arenosa, cujos teores atingem até 90%, com 95% de areia branca. Têm níveis críticos de fósforo, potássio, cálcio e magnésio, além de reduzido potencial orgânico, em torno de 1%, dado que torna o solo deficiente em macro e micronutrientes para culturas. Naturalmente, é muito propícia à erosão. Devido à sua natural fragilidade e ao manejo inadequado do solo pelas atividades pecuárias e agrícolas, o Arenito encontra-se em adiantado grau de degradação física e química, com níveis críticos de matéria orgânica. Há quem defenda que até os férteis solos de terra roxa do oeste e norte do estado estejam dando sinais de exaustão pelos mesmos motivos. Continue lendo!

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Semana Municipal de Yoga em Florianópolis



Todas atividades gratuitas


http://www.yogafloripa.com.br/

Produtos continuam sem rótulo que identificam presença de transgênicos


A maioria dos consumidores já verificou, antes de comprar determinado produto no supermercado, informações sobre a quantidade de gorduras trans e outros ingredientes nos rótulos de alimentos. Entretanto, provavelmente até mesmo os consumidores mais atentos dificilmente devem ter visto nas embalagens indicações de que o produto contém OGMs [Organismos Geneticamente Modificados]. Apesar de existir, desde 2003, um Decreto que obriga os alimentos com ingredientes transgênicos informar a condição no rótulo, poucos são os produtos que, de fato, podem ser identificados com o rótulo.

O Decreto Federal n° 4680/03 afirma que o produto com 1% ou mais de ingredientes transgênicos em sua composição deve ser rotulado. A medida estabelece que tais alimentos devem trazer, no painel principal, expressões padronizadas que informem ao consumidor a origem e a composição transgênica. Além disso, as expressões devem vir acompanhadas da letra “T” dentro de um triângulo amarelo. Reportagem de Karol Assunção, na Adital.

De acordo com Rafael Cruz, coordenador da Campanha de Transgênicos do Greenpeace, há uma enorme dificuldade com relação ao assunto. “60% da área de soja no Brasil é transgênica, mas as empresas não rotulam”, comenta. Para ele, os responsáveis mascaram os transgênicos por “medo da reação do consumidor”.

Prova dessa estratégia para não informar os consumidores é que tramita na Câmara Federal um projeto de lei que tem o objetivo de banir dos alimentos o rótulo de transgênico. De acordo com Greenpeace, a proposta “rotulagem zero” – como foi apelidada -, de autoria do deputado Luiz Carlos Heinze (PP-RS), foi apresentada em outubro do ano passado e já espera a decisão dos líderes partidários para ser votada em plenário.”A proposta nem foi debatida nas comissões [de Agricultura e Meio Ambiente]“, afirma Cruz, ressaltando que o projeto foi apresentado sem um amplo debate.

Nesse jogo de interesses quem sai perdendo é o consumidor, que poderá adquirir um produto sem saber sua real composição. Para o coordenador da Campanha, a ausência de informação sobre os OGMs na embalagem abre “um precedente perigoso de utilização de ingredientes que não são devidamente identificados”.

Ele alerta que a iniciativa torna-se perigosa porque poderá ser utilizada não só para os transgênicos, mas também para outros elementos. “O consumidor é quem tem que decidir”, opina. Além disso, ele acrescenta que ainda não há um consenso sobre as consequências do consumo dos OGMs.

A ausência de identificação nos rótulos de produtos com ingredientes transgênicos acontece não só pelo descumprimento do Decreto pelas empresas. A falta de fiscalização e a desinformação dos consumidores também contribuem para essa situação. De acordo com Cruz, o Ministério da Agricultura é o órgão responsável pela fiscalização dos produtos transgênicos “do campo à prateleira, mas [a fiscalização] não é realizada”.

A Assessoria de Comunicação do Ministério de Agricultura, no entanto, afirmou que ao órgão cabe à fiscalização do plantio e não nos supermercados. Esta seria uma atribuição do Ministério da Justiça, através do Departamento de Proteção ao Consumidor.

Para lutar pela garantia de alimentos livres de transgênicos e pelo cumprimento do Decreto Federal 4680/03, Rafael Cruz comenta que acontecerá, no próximo mês, por ocasião do Dia Mundial de Alimentação – celebrado no dia 16 de outubro – uma mobilização em: Manaus, Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Brasília, Recife e Salvador.

Fonte: Ecodebate

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Araucárias em chamas

Foto: Marc Dourojeanni

por Maria Tereza Jorge Pádua

Fala-se diariamente sobre os desmatamentos e incêndios na região amazônica. Poucos se importam com o que ocorre em outros biomas, ou grandes ecossistemas do país, mesmo naqueles que já estão nos seus estertores finais. O Brasil tem pouco mais de 100 mil hectares de araucárias restantes, quase exclusivamente nos estados de Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Nestes dias resolvemos passear até São José dos Ausentes e mostrar as maravilhas que por lá existem a dois turistas: uma norueguesa e um peruano. Escolhemos ir por Urubici, Bom Jardim da Serra e finalmente para o município de São José dos Ausentes, onde ficamos em uma pousada perto do Cachoeirão dos Rodrigues, dos rios que correm paralelos e do cânion de Monte Negro, já no estado do Rio Grande do Sul.

A viagem de Florianópolis até Bom Jardim da Serra esteve como sempre maravilhosa, pois a natureza neste trecho já nos brinda com paisagens espetaculares. Mas o trecho que eu mais gostava era de Bom Jardim da Serra, em Santa Catarina, até São José dos Ausentes no estado do Rio Grande do Sul. Infeliz escolha. Só o que vimos, especialmente no lado do Rio Grande do Sul, foram incêndios, mais incêndios e muita fumaça. Poder-se-ia pensar que agora é época de se queimar os pastos, pois é mesmo, mas o trágico foi que também se queimavam araucárias, capões de araucárias em várias frentes, a tal ponto que ficamos apreensivos de continuar, pois em alguns locais o fogo atravessava a estrada.

Comecei a chorar de pena e também por culpa da fumaça, mas chorar não adianta. Então, nos limites de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, justo antes da travessia do rio Pelotas onde há um posto singelo de fiscalização, eu fiz parar o carro e fui conversar com a senhora que lá estava de guarda. Ela me disse que tinha medo de que o fogo chegasse a uma roça de milho, junto ao posto, e que também queimasse o posto. Identifiquei-me e pedi que ela ligasse para o IBAMA de Santa Catarina, mas ela não tinha telefone. Meu celular não funcionou. Assim a nossa denúncia só pôde ser feita no dia seguinte.

Por incrível que pareça, no dia seguinte começou a chover e meu celular continuava a não funcionar, mas na pousada onde dormimos havia um celular com antena e pude ligar para o IBAMA de Santa Catarina e fazer a denúncia. Não liguei para o responsável no Rio Grande do Sul porque não tinha seu telefone, no momento. Ainda não sei se alguma providência foi tomada.

O absolutamente inaceitável é que mesmo que autorizados a queimar seus pastos, os proprietários não podem deixar queimar capões de araucárias justamente na região que abriga 48% do pouquíssimo que resta de araucárias em todo o país. As autoridades constituídas têm de exigir que façam aceiros para protegerem-se os capões de araucária e seu sub-bosque, bem como as matas ciliares. Mas é óbvio que os proprietários ficam felizes em queimar araucárias jovens, pois como o corte está proibido, na cabeça deles é melhor matar as juvenis, antes que virem adultas.

Já os tão criticados plantios de pinheiros exóticos não pegam fogo. Seus donos fazem aceiros e têm vigias montando guarda para cuidarem que o fogo não destrua seus valiosos plantios.

Mesmo com toda a feiúra provocada pelos incêndios, nós tínhamos de mostrar aos nossos visitantes os monumentos mais belos da região, pois para isso estávamos lá. Fomos então ver, no estado do Rio Grande do Sul, seu ponto culminante, o cânion do Monte Negro, que é um espetáculo. Ele lá estava pouco visível por causa da fumaça. Havia fumaça por todos os lados que se olhava. E mesmo no acesso ao cânion tudo estava torrado.

Documentamos tudo e espero fazer um ruído com a ajuda de ONGs, principalmente com a SPVS, que se notabiliza pela defesa das matas de araucárias, cientistas e até mesmo com os donos de pousadas no local, que não sendo burros, percebem que, se continuar assim, vão perder seus turistas. Sem ruído não vamos conseguir mobilizar as autoridades responsáveis. No final de semana que chegamos os donos de pousadas estavam inconformados, pois ficaram dois dias sem eletricidade porque os incêndios consumiram também postes e fios. Também fazia muito frio. Pobres dos turistas e pescadores que lá foram para se divertir, ou fazer eco turismo.

A região, embora seja das mais belas do Brasil, ainda tem outros problemas sérios, como a previsão de pequenas centrais hidroelétricas (PCHs) que vão acabar com as belas cachoeiras do local, com a terra boa das fazendas e com a pesca de trutas, o esporte mais procurado do pedaço. Este é um assunto para a próxima coluna, porque algo precisa ser dito e feito para se salvar o cânion do Monte Negro, que deve ser um Parque Estadual, os rios que correm paralelos, o que parece ser um fenômeno único, além do formidável cachoeirão dos Rodrigues, as matas de araucárias e as suas formações quase puras de enormes samambaiaçus.

Todo ambientalista que conheço quer visitar São José dos Ausentes pela sua fama já bem estabelecida, não obstante ser de difícil acesso, porque a estrada para lá se chegar é de terra e não muito boa. Conselho de amiga: evitem a época do fogo, ou seja, agosto, pois para quem ama a natureza e as belas paisagens, a visita pode se tornar um verdadeiro inferno.

Maria Tereza Jorge Pádua é fundadora da Funatura, membro do Conselho da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e da comissão mundial de Parques Nacionais da UICN.

Publicado originalmente aqui!

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Agrotóxicos são ameaça no Aquífero Guarani


Método detecta agrotóxicos na água e no solo de áreas do Aquífero Guarani – Pesquisas feitas em parceria IQ-Embrapa concentraram-se na divisa de Goiás e Mato Grosso

Métodos simples e econômicos para determinar a presença de agrotóxicos na água e no solo das áreas de recarga do Sistema Aquífero Guarani (SAG) acabam de ser desenvolvidos e validados pelo Instituto de Química (IQ) da Unicamp, em parceria com a Embrapa Meio Ambiente de Jaguariúna (SP). O SAG é o maior reservatório de águas subterrâneas da América do Sul e o terceiro do planeta, localizando-se em sua quase totalidade no território brasileiro e se estendendo até a Argentina, Uruguai e Paraguai. As áreas de recarga são aquelas de afloramento das águas que, próximas à superfície, estão mais sujeitas à contaminação.

Lais Sayuri Ribeiro de Morais, autora da tese de doutorado orientada pela professora Isabel Cristina Sales Fontes Jardim, concentrou suas pesquisas na região das nascentes do rio Araguaia, na divisa de Goiás e Mato Grosso. “A escolha se deve à expansão dos cultivos de soja e de milho na região e ao uso também crescente de agrotóxicos, o que pode comprometer o aquífero. Estima-se que apenas 0,1% do agrotóxico aplicado em cultivos atinja seu alvo; o restante penetra no ambiente contaminando solo, água e ar”.

A pesquisadora explica que agrotóxicos depositados no solo podem ser transportados até as águas subterrâneas principalmente por meio de degradação, adsorção e lixiviação. A avaliação dos níveis desses produtos ganha relevância devido à existência de outras regiões de recarga do Aquífero Guarani sob risco de contaminação, como nos estados de São Paulo (cultura de cana-de-açúcar), Paraná (milho), Santa Catarina (maçã) e Rio Grande do Sul (arroz).

Segundo a professora Isabel Jardim, a parceria com a Embrapa foi motivada pela ausência de métodos atualizados e confiáveis para determinação de agrotóxicos em água e solo, mesmo depois que a Anvisa criou o Programa de Monitoramento de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA), em 2001. “Nosso laboratório já desenvolveu métodos para frutos que precisam passar por análises rigorosas quando exportados, evitando-se o risco de devolução pelos países importadores. Agora surge a preocupação com o aquífero, devido a possível contaminação ambiental e danos à saúde humana”. Continue lendo!