terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Parar de comer carne pode ajudar a salvar o planeta?


Parar de comer carne pode salvar o planeta? – Os representantes que chegavam aos portões da conferência sobre o clima em Copenhague, no mês passado, eram recebidos por mulheres vestidas como animais peludos segurando placas mostrando imagens de carneiros, vacas e porcos e alertando: “Não me coma”.

As mulheres eram representantes de Ching Hai, a líder de um grupo que defende a adoção de preceitos budistas, incluindo seguir uma dieta vegetariana.

Enquanto faziam fila por horas sob condições congelantes, muitos dos delegados pareciam gratos pelos lanches bem embalados ¬- sanduíches sem carne – que as mulheres distribuíam de graça. Reportagem de James Kanter, International Herald Tribune/The New York Times News Service.

Os seguidores de Ching Hai dizem que uma das metas principais dela é combater desastres ambientais, e seus representantes em Copenhague pareciam ávidos em divulgar a mensagem de que o metano, expelido em grandes quantidades por vacas e outros rebanhos criados pelas indústrias de carne e laticínios, está entre os mais potentes gases do efeito estufa.

Mas as virtudes do vegetarianismo como parte do combate à mudança climática estão longe de ser uma questão apenas para aqueles com inclinação espiritual.

Muito antes do encontro de cúpula em Copenhague, o aumento da demanda por carne e laticínios, particularmente entre a crescente classe média de países como China e Índia, com economias em rápido desenvolvimento, fez com que os elos entre a mudança climática e a política alimentícia se transformassem em um elemento importante no debate em torno do que fazer a respeito do aumento dos níveis dos gases do efeito estufa.

O assunto pareceu ganhar força nas semanas que antecederam a conferência em Copenhague, com figuras proeminentes dos mundos da ciência e do entretenimento entrando na briga.

Falando no Parlamento Europeu no início de dezembro, o ex-Beatle Paul McCartney disse que há uma necessidade urgente de fazer algo a respeito da produção de carne, não apenas por causa de seus efeitos sobre o clima, mas também por causa de questões relacionadas, como desmatamento e segurança das reservas de água.

McCartney, que há muito defende o vegetarianismo, pediu aos legisladores europeus que apoiem políticas que encorajem os cidadãos a evitarem de comer carne pelo menos um dia por semana, algo que poderia virar tão comum como reciclagem ou carros que rodam com tecnologia híbrida.

Funcionários públicos na cidade belga de Ghent e crianças em idade escolar de Baltimore já realizam o dia sem comer carne uma vez por semana, ele disse.

McCartney estava acompanhado no Parlamento por Rajendra Pachauri, o presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2007, que é a principal entidade da ONU que estuda o clima.

A conscientização pública dos problemas associados à carne é baixa, e as autoridades poderiam considerar impor uma sobretaxa sobre a carne bovina para desencorajar o consumo, disse Pachauri em comentários divulgados pela agência de notícias France-Presse.

Os produtores de carne imediatamente rotularam os comentários como um ataque à indústria e críticas vieram até de lugares tão distantes quanto a Nova Zelândia.

“Cortar a carne por um dia pode parecer uma solução simples, mas há pouca evidência mostrando qualquer benefício”, disse Rod Slater, o presidente-executivo da Beef and Lamb New Zealand, para a associação de imprensa do país.

“Sugerir que a carne não é verde é uma difamação emotiva contra uma indústria que continua investindo em pesquisa, lutando por maiores melhorias”, acrescentou Slater, que disse que as pessoas que vivem na Nova Zelândia obtêm suas necessidades nutricionais diárias e grande parte de suas proteínas, zinco e vitamina B12, da carne bovina e de carneiro.

De fato, como várias outras áreas de pesquisa na ciência climática, a intensidade dos gases do efeito estufa na produção de carne é contestada.

Quando um estudo na edição de novembro-dezembro da revista “World Watch” alegou que mais da metade dos gases produzidos pelo homem e que aquecem o planeta eram causados pela indústria da carne, um grupo de pesquisa do setor rebateu que um estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) já tinha mostrado que o número relevante era mais próximo de 18%.

O estudo publicado na “World Watch” fracassou em “realçar os contrafatuais – como, por exemplo, seria um mundo sem rebanhos domesticados”, escreveu Carlos Sere, diretor-geral do Instituto de Pesquisa Internacional de Rebanhos, em Nairóbi, na “Green Inc.” em novembro.

“Os herbíveros selvagens e cupins não poderiam tomar muitos desses ambientes, produzindo no final tantos gases do efeito estufa quanto os ruminantes domesticados?”, perguntou Sere. “Nós francamente não sabemos ainda.”

Certamente a questão pode ter muito mais nuances do que alguns comentaristas sugerem.

Por exemplo: gado alimentado no pasto pode ter uma pegada de carbono muito menor do que aquele alimentado com ração em confinamento, porque os animais em pastos exigem menos insumos baseados em combustíveis fósseis como fertilizantes e porque eles ajudam o solo a sequestrar carbono.

Esforços renovados estão em andamento para se chegar ao fundo do assunto.

No início deste mês, a Organização Mundial para a Saúde Animal disse que estudaria o efeito da produção de carne sobre a mudança climática, diante dos pedidos de seus países membros.

“É uma questão que precisa ser estudada com bastante isenção”, disse Bernard Vallat, o diretor-geral da organização, em uma coletiva de imprensa segundo a agência de notícias Reuters. “Nós queremos dar uma contribuição modesta e independente”, ele disse.

Vallet disse que uma das questões mais espinhosas é como envolver a agropecuária nos esforços para reduzir os gases, mantendo ao mesmo tempo a segurança alimentar.

Sere, do instituto de pesquisa dos rebanhos, reconheceu a necessidade do desenvolvimento de uma forma de produção de rebanhos entre a pecuária industrial e familiar, que eliminaria a pobreza sem esgotar os recursos naturais ou prejudicar o clima.

Ele disse que os ambientalistas devem ter em mente que “a maior preocupação de muitos especialistas em relação aos rebanhos nos países em desenvolvimento não é seu impacto sobre a mudança climática, mas, sim, o impacto da mudança climática sobre a produção dos rebanhos”.

Os “ambientes tropicais mais quentes e mais extremos que estão sendo previstos não ameaçam apenas até um bilhão de meios de vida baseados na pecuária, mas também o suprimento de leite, carne e ovos para as comunidades famintas que mais necessitam desses alimentos”, ele disse.

Tradução: George El Khouri Andolfato

EcoDebate

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Paul McCartney divulga documentário contra a indústria da carne


Paul McCartney aproveitou sua rápida apresentação durante a entrega do Globo de Ouro no último domingo, dia 17 deste mês, para promover um documentário sobre a indústria da carne, no qual ele participa como narrador. O documentário recém finalizado, produzido pela organização de defesa dos animais PETA, mostra os bastidores, digamos, desagradáveis da indústria da carne, como granjas superpovoadas e abatedouros cujos métodos podem chocar o maior apreciador de um bom churrasco.

Vídeo no Youtube

Como o próprio McCartney costuma dizer: “se matadouros tivessem paredes de vidro, todos seriam vegetarianos”. E é exatamente esse o nome do documentário: Glass Walls (ou Paredes de Vidro). A julgar pelas chocantes cenas do filme, ele não deixa de ter razão.

FONTE

sábado, 23 de janeiro de 2010

Prefeitura de SP aumenta rigor sobre compra de carne e testa merenda vegetariana


O prefeito Gilberto Kassab sancionou uma lei que exige de cada vendedor de carne à prefeitura de São Paulo um histórico da origem de cada lote, desde o início da cadeia produtiva.

O documento deve comprovar que a carne não é oriunda de áreas desmatadas ilegalmente, terras indígenas ou áreas embargadas da Amazônia. Também deve mostrar que não foi empregado trabalho escravo ou infantil.

O autor da lei é o vereador Roberto Tripoli (PV). “Não podemos mais destruir nenhuma área de floresta ou cerrado, em nome da necessidade de produzir alimentos”, diz ele.

Merenda

Ele acrescenta que também tem o objetivo de “rediscutir o cardápio da merenda escolar na cidade, visando à redução gradual de todas as carnes”.

Para isso, uma emenda de sua autoria ao orçamento municipal, aprovada em dezembro, destina verba para um projeto piloto de merenda escolar vegetariana. São R$ 500.000 para a Secretaria de Educação aplicar por um ano em três escolas municipais simpáticas ao projeto.

“Isso foi discutido na Comissão de Estudos sobre Animais, que eu presidi, e estou fazendo gestões para que seja possível a conscientização dos alunos e, sobretudo, de suas famílias, a respeito das inúmeras possibilidades saudáveis de alimentação, sem envolver a matança de animais”.

A prefeitura tem agora um prazo de 60 dias para regulamentar a lei, sancionada na quinta-feira (14) e passar a fiscalizar o seu cumprimento. Veja o texto publicado no Diário Oficial.

Fonte: Folha

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Licitação ilícita do lixo de Floripa?


artigo de Ana Echevenguá

Temporada de verão: a capital catarinense está cheia de turistas. Quem desconhece os nossos problemas, compra a propaganda midiática de que aqui é o paraíso e decide gastar seus tostões nas nossas praias.

Isso é ótimo para os interessados no lixo da capital. Cada pessoa produz, em média, de 800 gramas a 1 quilo de lixo por dia. Segundo informações contidas no website da Prefeitura, Florianópolis produz, no período de dezembro a março de cada ano, 466 toneladas/dia (14 mil toneladas/mês). E, de abril a novembro, 383 toneladas/dia (11,5 mil toneladas/mês)1.

Lixo é dinheiro! A limpeza urbana, no Brasil, movimenta anualmente mais de R$ 17 bilhões – dados da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.

E o lixo nosso de cada dia precisa ser coletado, transportado, tratado, depositado… Pagamos – e pagamos bem caro – por isso!

Janeiro, mês de recesso, férias, … Mas o processo de licitação do lixo de Floripa estava nas ruas. Mas a marcha deste processo, “que tem por objeto contrato que envolve algumas dezenas de milhões de reais”, foi suspensa – liminarmente – em 14 de janeiro de 2010, pelo Juiz de Direito Hélio do Valle Pereira2. O Magistrado acatou a tese de que “apenas uma empresa, aquela hoje aqui já atua, deteria a possibilidade de atender a todos os pontos do objeto licitado”.

Bem, trocando em miúdos, há fortes indícios de que o edital foi encomendado. Ou seja, elaborado para beneficiar a atual empresa que trata os resíduos da Grande Florianópolis. Aquela que está sob investigação da Polícia Federal, cujos diretores foram presos na estrondosa Operação Dríade3, no final de 2008. Lembram disso?

Se isso realmente aconteceu, é ilegal. Gera dificuldades na concorrência. Ou seja, torna restrito o universo de empresas participantes do processo. Uma licitação assim, obviamente, é nula.

Algum munícipe sabe disso??? Leu, ouviu falar a respeito…? Certamente que não. Os holofotes estão sobre o Planeta Atlântida, caso Pavan, o escândalo da árvore de Natal, mortes nas estradas, problemas gerados pelo turismo da temporada, …

Embora a Prefeitura tenha sido regularmente intimada do Mandado de Segurança, não está nem aí pra ordem do Poder Judiciário. No seu website, há uma informação – às empresas interessadas – que a sessão de abertura da habilitação, prevista para o dia 15 de janeiro de 2010, foi prorrogada para o dia 25 de janeiro de 2010. O motivo alegado? Grande número de impugnações protocolizadas naquela diretoria a respeito da licitação do lixo4.

Cuidado, a informação é desatualizada… mentirosa! Esqueceram de informar que o juiz mandou suspender todo o processo licitatório; e não prorrogar, postergar a data de abertura de envelopes… A decisão pode ser revogada futuramente mas, por enquanto, todo o processo está suspenso.

Gente, trata-se de um contrato da Prefeitura de Florianópolis que gira em torno de 74 milhões de reais. Dinheiro que sai do nosso bolso e dos cofres públicos.

Está na hora de sabermos pra onde vai e como é tratado atualmente o lixo que produzimos. Se você mora na Grande Florianópolis e ainda não sabe, vou dar uma dica: aquela sacolinha de lixo que você colocou na porta da sua casa está – provavelmente – no lixão a céu aberto, mostrado na imagem acima, poluindo a região de Biguaçu.

1 – http://portal.pmf.sc.gov.br/noticias/index.php?pagina=notpagina¬i=723
2 – Mandado de Segurança, processo número 023.10.001839-7.
3 – http://www.ecoeacao.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=8804&Itemid=39
4 – http://editais.sc.gov.br/prefeituras/usu_edital.asp?nuedital=0589/2009

Ana Echevenguá, advogada ambientalista, coordenadora do programa Eco&Ação, presidente do Instituto Eco&Ação e da Academia Livre das Água. website: www.ecoeacao.com.br.

EcoDebate, 21/01/2010

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

‘Quem corre perigo são os homens, não a Terra’. Entrevista com James Lovelock

A Terra vai sobreviver. Já o destino dos homens é mais incerto. O cientista inglês James Lovelock, de 90 anos, diz que a gravidade das mudanças climáticas é ainda maior que a indicada pelo painel do clima das Nações Unidas (IPCC). Em seu livro mais recente, Gaia: Alerta Final (ed. Intrínseca, 264 págs., R$ 29,90), ele volta a defender o uso da energia nuclear no combate ao aquecimento global. Mas, em entrevista por telefone ao Estado diz que o Brasil ainda não precisa aderir a ela.

Lovelock também sugere medidas como a redução da população e soluções de geoengenharia – enterrar dióxido de carbono (CO2) principal gás de efeito estufa – e rechaça ideias verdes convencionais, como o plantio de árvores, que para ele não têm o efeito necessário.

O autor da Teoria de Gaia, que diz que a Terra se comporta como um único organismo, mostra estar ainda muito ativo. Planeja lançar outro livro em 2013 e, neste ano, deve integrar o voo espacial que inaugurará a companhia Virgin Galactic. Apesar dos tempos difíceis que antevê para a humanidade em sua obra, ele mantém algum otimismo: “Somos como o aprendiz de feiticeiro, incapazes de desfazer a maldição industrial que lançamos. Entretanto, no devido tempo, expostos às ferozes pressões seletivas que em breve virão, nós, como espécie, podemos crescer e nos tornarmos capazes.” Entrevista de Afra Balazina, no O Estado de S.Paulo.

Qual era sua expectativa para a reunião do clima de Copenhague e como avalia o resultado obtido?

Minhas expectativas eram pequenas. Acho que a tarefa que os participantes se deram era praticamente impossível. É um pouco tolo os políticos se reunirem pra planejar ações para 40 ou 50 anos no futuro se não sabemos exatamente o que acontece com o clima de hoje ou de daqui 10 a 20 anos.

É perda de tempo, então, fazer esse tipo de encontro?

É bom para os negócios. Um dos objetivos disso é construir uma indústria verde, construir turbinas eólicas, produzir biocombustíveis. Se há uma redução na pobreza pelo mundo, eu não sei, mas uma conferência como essa estimula a política e os negócios.

Os negociadores usam informações do IPCC como base. O senhor considera que o IPCC subestima a gravidade do aquecimento global?

Parece que o IPCC subestima. Na questão do aumento do nível do mar, por exemplo, que é um termômetro quase perfeito do aquecimento global, os dados são, em geral, a metade do que está acontecendo.

Os cientistas não estão fazendo um bom trabalho?

Há dois grupos importantes de pesquisadores na área. Um deles reúne cientistas como Stefan Rahmstorf (do Instituto de Pesquisa de Impactos Climáticos de Potsdam, na Alemanha), que fazem medições muito sólidas e confiáveis. E, no outro grupo, dos que fazem modelagem, há alguns cientistas muito bons, tão bons quanto se pode esperar. Mas a limitação é que eles têm de produzir os resultados que seus mestres políticos querem. É a pura verdade. Eu li o livro de um deles e ele dizia que, em uma reunião que teve a presença de representantes de países importantes, os dados apresentados tiveram de ser ajustados para agradar a todos.

O senhor fala sobre biocombustíveis em sua obra. Considera um erro o governo brasileiro encorajar o uso do etanol produzido da cana-de-açúcar?

Não. Os biocombustíveis, como todas as coisas, podem ser usados de forma sábia e sensata ou de maneira boba e negativa. Mas, para o Brasil, o biocombustível parece se encaixar, é bom economicamente, faz sentido. Então, por que não?

O senhor manifesta perplexidade com o fato de os Estados Unidos serem líderes na área científica e terem sido o último país a acreditar no aquecimento global…

Eu estou vivendo nos EUA neste momento e é muito interessante, conheço bem o país porque a família da minha mulher é em parte americana. E as pessoas não pensam a respeito do aquecimento global. E os políticos, por sua vez, optam por temas nos quais as pessoas pensam. Os americanos são preocupados com o tempo do dia, mas não pensam nisso em termos de tempo do mundo.

No Reino Unido há diferença?

Sim, enormemente. A Inglaterra é um país muito pequeno e depende bastante do clima mundial, da economia mundial. Mas em países grandes como os EUA e Brasil há mais do que suficientes problemas internos para resolver e não se olha tanto para fora.

As pessoas aceitam mais o uso da energia nuclear, como o senhor sempre defende?

Esse ainda é um assunto controverso. Atualmente, não acho que a energia nuclear é urgentemente necessária no Brasil. Mas é necessária urgentemente em países densamente populosos, como o Reino Unido, onde não há muitas fontes de energia e as que existem estão todas parando. O vento é tão pouco confiável.

Mas a previsão é que o Reino Unido tenha um dos maiores parques eólicos do mundo nos próximos anos.

É, eles estão loucos. É um modo caro de produzir energia. Eu acho que a principal razão para isso é dar emprego a alemães e dinamarqueses, que têm indústrias no setor.

Qual é o cenário que imagina para o futuro da Terra?

Acho que não há dúvida de que a Terra em si vai continuar a existir por muitos milhões ou até bilhões de anos, podemos ter confiança nisso. Mas são os humanos que estão em perigo e podem ser reduzidos vastamente.

Que conselho Gaia (deusa da Terra) pode dar aos homens?

Se eu pudesse falar por Gaia, acho que diria algo assim: “Cuidem de si mesmos e sobrevivam. Vocês são meu organismo mais importante.”

EcoDebate, 18/01/2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Curso de Iniciação a Permacultura em Urubici - SC

(clique na imagem para ampliar)

Curso de Iniciação a Permacultura em Urubici - SC

Data: 26, 27 e 28 de fevereiro de 2010

Local: Portal Água Branca – Urubici/SC
Investimento: 350,00 reais

Facilitador@s: Karoline Fendel, Mariela Soto, Juliana Saldanha.

Investimento: 350,00 Reais

Incluso: Café da manha, Almoço vegetariano, Cafe da tarde.
Material: 1 CD - informativo e educativos.
Para os que necessitam de acomodações – Camping (no local) ou Pousada na Cidade.

Folder em anexo.

Inscrições e informações: portalaguabranca@hotmail.com

Obrigada


Karoline L. Fendel
Bióloga - CRBio 63391-03
Cel: (48)9934 8409 (48)9934 8409
skype: karolfendel

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A hora e a vez da ecologia mental


No dia 2 de fevereiro de 2007 ao ouvir em Paris os resultados acerca do aquecimento global dados a conhecer pelo Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC) o então Presidente Jacques Chirac disse:”Como nunca antes, temos que tomar a palavra revolução ao pé da letra. Se não o fizermos o futuro da Terra e da Humanidade é posto em risco”. Outras vozes já antes, como a de Gorbachev e de Claude Levy Strauss pouco antes de morrer. advertiam: “ou mudamos de valores civilizatórios ou a Terra poderá continuar sem nós”.

Esse é o ponto ocultado nos forums mundiais, especialmente o de Copenhague. Se for reconhecido abertamente, ele implica uma autocondenação do tipo de produção e de consumo com sua cultura mundialmente vigente. Não basta que o IPCC diga que, em grande parte, o aquecimento agora irreversível é produzido pelos seres humanos. Essa á uma generalização que esconde os verdadeiros culpados: são aqueles homens e mulheres que formularam, implantaram e globalizaram o modo de produção de bens materiais e os estilos de consumo que implicam depredação da natureza, clamorosa falta de solidariedade entre as atuais e as futuras gerações.

Pouco adianta gastar tempo e palavras para encontrar soluções técnicas e políticas para a diminuição dos níveis de gases de efeito estufa se mantivermos este tipo de civilização. É como se uma voz dissesse: “pare de fumar, caso contrário vai morrer”; e outra dissesse o contrario: “continue fumando, pois ajuda a produção que ajuda criar empregos que ajudam garantir os salários que ajudam o consumo que ajuda aumentar o PIB”. E assim alegremente, como nos tempos do velho Noé, vamos ao encontro de um dilúvio pré-anunciado.

Não somos tão obtusos a ponto de dizer que não precisamos de política e de técnica. Precisamos muito delas. Mas é ilusório pensar que nelas está a solução. Elas devem ser incorporadas dentro de um outro paradigma de civilização que não reproduza as perversidades atuais. Por isso, não basta uma ecologia ambiental que vê o problema no ambiente e na Terra. Terra e ambiente não são o problema. Nós é que somos o problema, o verdadeiro Satã da Terra quando deveríamos ser seu Anjo da Guarda. Então: importa fazer, consoante Chirac, uma revolução. Mas como fazer uma revolução sem revolucionários?

Estes precisam ser suscitados. E que falta nos faz um Paulo Freire ecológico! Ele sabiamente dizia algo que se aplica ao nosso caso:”Não é a educação que vai mudar o mundo. A educação vai mudar as pessoas que vão mudar o mundo”. Precisamos destas pessoas revolucionárias, caso contrario, preparemo-nos para o pior, porque o sistema imperante é totalmente alienado, estupificado, arrogante e cego diante de seus próprios defeitos. Ele é a treva e não a luz do túnel em que nos metemos.

É neste contexto que invocamos uma das quatro tendências da ecologia (ambiental, social, mental, integral): a ecologia mental. Ela trabalha com aquilo que perpassa a nossa mente e o nosso coração. Qual é a visão de mundo que temos? Que valores dão rumo à nossa vida? Cultivamos uma dimensão espiritual? Como nos devemos relacionar com os outros e com a natureza? Que fazemos para conservar a vitalidade e a integridade de nossa Casa Comum, a Mãe Terra?

Não dá em poucas linhas traçar o desenho principal da ecologia mental, coisa que fizemos um inúmeras obras e vídeos. O primeiro passo é assumir o legado dos astronautas que viram a Terra de fora da Terra e se deram conta de que Terra e Humanidade foram uma entidade única e inseparável e que ela é parcela de um todo cósmico. O segundo, é saber que somos Terra que sente, pensa e ama, por isso homo (homem e mulher) vem de húmus (terra fecunda). O terceiro que nossa missão no conjunto dos seres é de sermos os guardiães e os responsáveis pelo destino feliz ou trágico desta Terra, feita nossa Casa Comum. O quarto é que junto com o capital natural que garante nossa bem estar material, deve vir o capital espiritual que assegura aqueles valores sem os quais não vivemos humanamente, como a boa-vontade, a cooperação, a compaixão, a tolerância, a justa medida, a contenção do desejo, o cuidado essencial e o amor.

Estes são alguns dos eixos que sustentam um novo ensaio civilizatório, amigo da vida, da natureza e da Terra. Ou aprendemos estas coisas pelo convencimento ou pelo padecimento. Este é o caminho que a história nos ensina.

*Leonardo Boff é Teólogo, autor do DVD “As quatro ecologias”, Editora CDDH, de Petrópolis, 2009.

(Envolverde)

sábado, 2 de janeiro de 2010

Ainda falta muita consciência




Golfinho morto e muito lixo antes da virada do ano em Niterói

Na praia de Boa Viagem, em Niterói, entre tantas pessoas jogando flores para Iemanjá, havia um golfinho morto na areia.

Como já nos acostumamos a ver lixo na praia depois de dias de chuvas, nem sequer nos espantamos. Se você concordou com a afirmação acima, não vai achar estranho saber que ao lado do golfinho morto, havia um monitor de computador de 15 polegadas. Poucos metros adiante, um ventilador, um capacete, duas tampas de privada e uma ratazana. Isso tudo no meio de centenas de sacos plásticos e garrafas de vidro.

Não sei se você sabia que há golfinhos nadando pela Baía de Guanabara. O que sei é que as imagens do post não combinam muito com as que vejo na televisão. Não posso partir de uma foto para analisar políticas ambientais. Não posso, não vou, nem é correto e nem me compete. A minha parte no latifúndio, como fotógrafo, é registrar o que vejo.

Cheguei à praia com um casal de amigos. Emiliano e Ana, por coincidência, são biólogos e tomaram as providências necessárias. Eu, além das fotos que você vê aqui, fiz alguns registros. Espero que sirvam para alguma coisa, já que as fotos do post, no primeiro dia do ano, e no meio de tanta desgraça, não valem nada.

Retirado daqui!