domingo, 6 de setembro de 2009

O próximo deserto pode ser paranaense


Os desertos não são necessariamente ambientes naturais. Eles podem se formar como consequência direta da exaustão dos solos, após o uso intensivo e insustentável da vegetação e dos recursos hídricos. Mas quem um dia iria pensar que o Paraná, dos famosos solos de terra roxa, estivesse indo por este caminho? A região do Arenito, no noroeste do estado, é prova de que sem cuidados não há solo que resista à sanha exploratória da colonização nacional.

Nos arredores de Umuarama – de onde milhares de colonos paranaenses saíram nos anos 70 pressionados pela mecanização do campo para ocupar a Amazônia – um programa regional de arrendamento de terras fez o plantio de soja aumentar 750% de 1997 a 2007. O plano foi um fracasso: produtividade baixa e abandono do plantio por muitos produtores. A agricultura não cuidou do solo, já degradado pela pecuária, desde os anos 1950.

Ali, as décadas de exploração não levaram em conta uma característica natural que faz a região altamente suscetível à desertificação, a exemplo do que ocorre no sudoeste e sul do Rio Grande do Sul, em áreas de Minas Gerais e estados do nordeste, no semi-árido. Também conhecida como Arenito, a porção noroeste se estende por 16% do território paranaense e abrange 107 municípios. Cerca de dois milhões, dos 3,2 milhões de hectares da região, são ocupados pela atividade pecuária. Pelo menos 80% são considerados de baixa produtividade.

A área é chamada Arenito Caiuá por causa da sua textura arenosa, cujos teores atingem até 90%, com 95% de areia branca. Têm níveis críticos de fósforo, potássio, cálcio e magnésio, além de reduzido potencial orgânico, em torno de 1%, dado que torna o solo deficiente em macro e micronutrientes para culturas. Naturalmente, é muito propícia à erosão. Devido à sua natural fragilidade e ao manejo inadequado do solo pelas atividades pecuárias e agrícolas, o Arenito encontra-se em adiantado grau de degradação física e química, com níveis críticos de matéria orgânica. Há quem defenda que até os férteis solos de terra roxa do oeste e norte do estado estejam dando sinais de exaustão pelos mesmos motivos. Continue lendo!

2 comentários:

Daniela Lima disse...

Li essa notícia no O Eco, um dias antes dia escrito sobre desertificação no blog... o uso incorreto do solo seja na agricultura ou pecuária mesmo com o manejo certo já causa grandes estragos, imagine o uso em anos sem nenhuma prática sustentável???
Deserto e secaaaaaaaa!!! e aí???

ECO-CONSCIÊNCIA disse...

É Dani, e para esta notícia ter vindo à tona, imagine a realidade "nua e crua" das demais regiões do interior do Paraná e de outros estados brasileiros como o RS e o nosso também.

bjo.