Durante as festas de final de ano, o medo provocado pelo barulho dos fogos de artifício faz com que muitos cães fujam de casa. Confira algumas dicas para amenizar o medo com a Dra. Elaine Pessuto do CETAC.
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Onde está o arvoredo? Desapareceu. Onde está a águia? Desapareceu. É o final da vida e o início da sobrevivência. [...]Seu apetite devorará a terra, deixando somente um deserto." Chefe Seatle.
Morei no Japão por mais de 10 anos e, graças a essa experiência, tive a oportunidade de aprender muito sobre a cultura e o respeito ao meio ambiente, assuntos que no Brasil, na época, não eram comentados.
A primeira coisa que aprendi ao desembarcar no Japão foi fazer a separação do lixo. Assim que me instalei no apartamento, o síndico do prédio me trouxe um folheto explicando como se faz a separação do lixo e os dias da coleta, também me presenteou com pacotes de saco de lixo de cores diferentes, um para cada tipo de lixo.
O folheto era impresso em três idiomas: japonês, inglês e espanhol. Assim, não tinha desculpa para não separar o lixo corretamente. Ao retornar ao Brasil, notei o quanto estamos atrasados em questão de sustentabilidade. Não é por falta de informação, mas sim consciência e educação nas questões ambientais.
Citaremos abaixo algumas lições de sustentabilidade, que fazem parte do cotidiano do povo japonês.
O lixo é corretamente separado, sendo um saco de lixo de cor diferente para cada tipo de lixo. Ex: branco – plástico; preto – lixo de cozinha; azul – latas e vidros. As crianças aprendem desde pequenas na escola a fazer a separação.
O Japão é um dos países que mais recicla lixo no mundo. Dados da prefeitura de Tokyo dão conta que, no ano de 2007, o Japão reciclava em torno de 80% do seu lixo. A partir dessa data inicia-se uma campanha em todo o país intitulada “gomi zero” (lixo zero). O objetivo é diminuir todo o lixo que for possível, tanto doméstico como industrial.
Os principais tópicos da campanha são:
Não adianta separar direito o lixo se não existe um local adequado para o despejo. A separação correta do lixo facilita a destinação correta, o lixo é enviado para usinas de tratamento onde é separado por categoria e depois encaminhado para as indústrias onde será reaproveitado.
O lixo que não é reciclado vai para os incineradores, produzindo monóxido de carbono (CO). O monóxido de carbono, por sua vez, apresenta poder calorifico, isto é, pode ser queimado para gerar energia.
As grandes empresas japonesas já utilizam em suas plantas equipamentos que fazem uso de energia eólica ou solar. E as residências que instalarem o sistema de energia solar terão subsídios do governo com prazos mais longos de pagamento do equipamento, que ainda é bem caro.
Dependendo das condições da natureza, se a empresa ou residência captou mais energia que o seu consumo no mês, a empresa de energia local compra esse excedente, gerando lucro para quem tem o sistema instalado.
No Japão, há vários anos já se utiliza o veículo híbrido, movido à gasolina e energia elétrica. São veículos de luxo, espaçosos e com grande autonomia. A bateria é recarregada em uma tomada comum em casa.
Como o carro elétrico ainda tem um custo mais elevado que o convencional, o governo concede subsídios atraentes para empresas que usam muito os automóveis, como vendedores e profissionais que prestam assistência técnica, por exemplo.
As crianças aprendem na escola a ter consciência do uso correto da água e energia elétrica. É raro ver alguém lavando a calçada ou o carro com mangueira – isso é considerado desperdício –, o carro é lavado nos postos de gasolina e nos lava-rápidos, e as ruas são tão limpas que nem é preciso lavar a calçada. Todas as lâmpadas de casa são fluorescentes, bem mais econômicas.
Os lava-rápidos do Japão não têm nenhum funcionário, você coloca seu carro no box, põe algumas moedas, mais ou menos 5 reais, e a máquina lava o carro. No interior do lava-rápido existem grandes ralos onde toda água usada é captada e vai para reservatórios onde é tratada e reutilizada.
As ruas são impecavelmente limpas, não existem garis, pois todos respeitam e seguem as normas, não jogando lixo nas ruas. Um domingo por mês os moradores do condomínio ou do quarteirão fazem um mutirão de limpeza, fazendo uma faxina na rua onde moram. Os rios são todos limpos, e nos fins de semana as pessoas praticam esportes aquáticos e pescaria.
As cidades japonesas são dotadas de um excelente sistema de transporte coletivo, com trens, metrôs, ônibus e, em algumas cidades do interior, o bondinho. Também se utiliza muito a bicicleta para quem trabalha ou estuda perto de casa. O carro é usado somente nos finais de semana.
Nas grandes cidades, foi proibido o tráfego de veículos movidos a óleo diesel. Os caminhões não podem entrar nas áreas metropolitanas, somente veículos leves de carga, elétricos ou movidos à gasolina.
O governo, preocupado com as questões ambientais, concede incentivo às indústrias para que desenvolvam produtos ou métodos de sustentabilidade.Um equipamento que me despertou interesse é um processador de lixo doméstico.
Possui o tamanho e o formato de uma lixeira, e todos os restos de alimentos são depositados nesse aparelho. Depois que o processador está cheio, é adicionado um produto que faz o processo de transformação do lixo em adubo. O processo é bem rápido e em poucos dias se obtém um fertilizante de ótima qualidade, que é utilizado nos jardins, nas pequenas plantações e nas hortas de escolas e residências.
As novas casas com arquitetura moderna são dotadas de sistemas de economia de energia elétrica, com sensores de presença, que fazem com que as luzes se apaguem quando não há ninguém no ambiente. Também são instalados reservatórios para captação de água da chuva, utilizada para regar as plantas do jardim e descarga para o banheiro.
Essas 10 lições são medidas simples que podem facilmente ser implantadas no Brasil inteiro. O que ainda falta para a maioria dos brasileiros é a conscientização de que somente nós mesmos poderemos mudar essa situação.
E ai, vamos começar a fazer a diferença?
Clovis Akira ( @clovisakira )
Contabilista, Corretor de Imóveis, Articulista do Jornal Sete e admirador da cultura japonesa. Site: http://ca-igarashi.blogspot.com/É a Gota D' Água +10 from Movimento Gota d' Agua on Vimeo.
As touradas foram definitivamente proibidas neste domingo (25) na Catalunha, na Espanha, após um último evento que acontece nesta tarde, acompanhado por milhares de fãs da atividade em Barcelona. A prática esportiva foi banida após petição assinada por 180 mil pessoas.
Ativistas da organização Anima Naturalis comemoraram com brindes a última das "corridas" na região espanhola em frente à arena em Barcelona.
Imagine, leitor, que eu supunha ter vindo a Berlim com a proposta única de cobrir a IFA 2011, exposição e congresso que se transformaram no maior evento do mundo na área de eletrônica de entretenimento. Vim preparado para ouvir e fazer perguntas apenas sobre tendências da tecnologia nessa área e, no máximo, saber alguma coisa sobre a recuperação da indústria no Japão pós-tsunami.
Um executivo japonês, entretanto, começou sua apresentação na abertura deste evento, na sexta-feira, mostrando as imagens mais chocantes da devastação causada pelo terremoto e pelo tsunami há alguns meses. Suas palavras iniciais me tocaram e me prenderam muito mais do que toda tecnologia que viria depois:
"Minha geração nunca havia assistido a uma destruição dessas proporções. A de meus pais, quando crianças, talvez, só viu uma coisa pior: a guerra, com duas bombas atômicas. Vocês viram, talvez, pela televisão e pelos jornais, as imagens de devastação causadas pelo terremoto seguido de tsunami em 11 de março. Voltei a um dos locais destruídos, onde tínhamos uma fábrica, e quase chorei com uma emoção ainda maior: a reconstrução de meu país. Parece um milagre, mas o Japão está renascendo. E descobrimos coisas extraordinárias: como os valores de cada cidadão, o poder até desconhecido que parecia adormecido no coração de cada japonês, sua pertinácia,sua capacidade de luta, a alegria da reconstrução de cada casa, cada metro de rua ou de estrada. Cunhamos até novas palavra em kanji (alfabeto ideográfico sino-japonês) para definir o que sentimos em relação ao nosso povo: uma sociedade inquebrantável, indestrutível."
Com essas palavras, vice-presidente da Toshiba, Masaaki Osumi, primeiro palestrante notável (keynote speaker) da IPA 2011, anteontem, emocionou uma platéia de 500 jornalistas, normalmente fria. Osumi não mostrou apenas o tamanho da destruição ocorrida em seu país, mas destacou, principalmente, as lições que ela trouxe com a reconstrução.
As conclusões do dirigente da Toshiba foram para mim ainda mais surpreendentes, quando ele disse: "As consequências mais importantes do tsunami e do terremoto para o Japão não foram a devastação e o sofrimento. O mais precioso desse desastre foi o que pudemos aprender sobre a vida e sobre nosso povo. Estamos revendo quase tudo em matéria de energia e infraestrutura. Um erro fundamental do passado era pensar que a coisa mais importante para a indústria e para nossa economia era dispor de energia elétrica abundante, mesmo provindas de usinas nucleares. Nossa consciência ecológica mudou.
Podemos viver melhor com menos energia e, em especial, proveniente de fontes renováveis. Todos os nossos novos produtos consomem muito menos energia do que os dispositivos anteriores. Esse é o nosso novo conceito de tecnologia inteligente (smart technology). Pensamos mais além, em uma sociedade mais inteligente, mais solidária e muito mais sustentável."
Depois de ouvir Osumi, decidi conversar, de uma forma pessoal e exclusiva, com dois outros lideres japoneses aqui presentes: vice-presidente da Sony, Kazuo Hirai, e o diretor corporativo da Panasonic, Harayuki Ishio. Eles me disseram coisas muito semelhantes às ditas por Osumi.
A julgar pelas opiniões desses líderes, o Japão deverá erradicar progressivamente suas usinas nucleares, investirá muito mais em energias alternativas e renováveis, a começar pela energia solar. E deverá utilizar todas os sistemas de informação – a começar pela internet - para divulgar previsões sobre acidentes naturais, em especial terremotos e maremotos.
Educação. O que esses líderes japoneses nos tem mostrado aqui em Berlim, é, acima de tudo, o valor da educação. Num país onde o ensino público é de excelente qualidade, é fácil compreender porque o Japão tem obtido os melhores resultados do comportamento de sua população, dos mais jovens até os mais velhos, em especial no tocante à reação dos cidadãos aos apelos públicos para a reconstrução das cidades, da infraestrutura e dos sistemas de abastecimento.
A indústria tinha de buscar o caminho da eletrônica verde e dos produtos inteligentes. Masaaki Osumi mostrou exemplos dos novos produtos da Toshiba, exibindo o tablet e o laptop mais finos do mundo e com o menor consumo de energia. Numa foto, que ele mesmo fez, mostrou uma loja de um revendedor de produtos da Toshiba, uma pequena casa construída em menos de 60 dias no lugar onde havia um edifício arrasado pelo tsunami de março.
"Vejam: todo agora é simples aqui. Só depois de uma imensa tragédia pudemos descobrir nossa capacidade de reconstruir a importância das coisas simples. O telhado desta casa está revestido de placas com células fotovoltaicas para transformação direta da luz solar em energia elétrica", disse Osumi.
O mais surpreendente para os líderes japoneses foi perceber o quanto as novas gerações estão conscientes da questão ambiental, das mudanças climáticas, do aquecimento global e da sustentabilidade em geral. "Foi, para nós, pais e avós, uma aproximação extraordinária das gerações mais jovens. Os garotos não precisavam de muito discurso pare aderir de corpo e alma ao trabalho de reconstrução do Japão."
Conveci-me, de fato, que o Japão é hoje outro país.
A agricultura, sobretudo aquela destinada à produção de grãos, ocupa menos de 5% da área total desmatada - que representava, há três anos, o equivalente a 17,5% da Amazônia.
Os dados constam de estudo feito em parceria pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e apresentado ontem no Palácio do Planalto.
Inédito, esse estudo confirma a hipótese de que a pecuária é o grande motor do avanço das motosserras sobre a Amazônia. Seus resultados surpreendem sobretudo pela extensão de terras ocupadas pela pecuária, o que indica a sua baixa produtividade - principalmente nos 110 mil quilômetros quadrados em que as cabeças de gado ocupam áreas de pasto sujo (com grama e outros tipos de vegetação) ou regeneração com pasto.
De acordo com dados oficiais mais recentes, a Amazônia Legal (área um pouco maior que o bioma Amazônia considerado no estudo) reúne 71 milhões de cabeças de gado.
Também foi surpreendente a quantidade de floresta em recuperação detectada pelos satélites. Essa parcela, de 150,8 mil quilômetros quadrados - cerca de cem vezes o tamanho da cidade de São Paulo -, corresponde a 21% do total desmatado. A floresta em estado de regeneração foi apontada pelo diretor do Inpe, Gilberto Câmara, como um importante ativo, por funcionar na captura de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.
Já as pastagens degradadas, classificadas como pastagens com solo exposto, somam 594 quilômetros quadrados - ou 0,1% do total abatido. Trata-se de um porcentual menor que o esperado.
Código Florestal. O estudo também deve reforçar os argumentos do governo na negociação da reforma do Código Florestal, ao revelar o destino da maior parcela das áreas desmatadas. O ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia) defendeu uma moratória ao desmatamento na Amazônia, proposta abandonada durante os debates no Congresso.
Novo responsável
A pecuária pode deixar de ser a responsável pelo desmatamento. Estudo do Greenpeace mostrou que o avanço do desmate em Mato Grosso já ocorre em áreas próximas à produção de grãos.
PARA LEMBRAR
Nova proposta amplia cortes
Uma das principais novidades do relatório do Código Florestal produzido pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC), em relação ao texto aprovado pelos deputados, é a definição de 20 situações em que poderá haver corte de vegetação nativa em áreas de preservação permanente (APPs) no futuro.
Na versão que passou na Câmara eram vagas as hipóteses de utilidade pública, interesse social e atividades de baixo impacto ambiental em que a intervenção ou corte de vegetação poderia ser autorizada.
Além de obras de infraestrutura destinadas à Copa do Mundo de 2014, poderão justificar o desmatamento de APPs os empreendimentos apontados pelo presidente da República ou governadores.
O novo texto foi apresentado por Luiz Henrique, relator nas próximas três comissões pelas quais a reforma de Código será analisada: Constituição e Justiça, Agricultura e Ciência e Tecnologia. A primeira votação será no dia 14.Em pleno século 21, quando o número de aparelhos celulares supera o número de habitantes no Brasil e com o rápido crescimento das redes sociais, é difícil imaginar que alguém ainda sobreviva sem tecnologia.
Em Urubici, no acesso ao Morro da Igreja, um lugar cinematográfico e procurado por turistas especialmente nesta época do ano, há um exemplo inusitado. O solitário da montanha Cleverson Munhoz, 50, há poucos meses sequer tinha energia elétrica em casa.
A moradia de Cleverson parece ter sido reproduzida de uma obra de arte. Rodeada de muito verde em meio à mata, em um dos pontos mais frios do Estado, a casa é iluminada apenas pelas luzes do sol e da lua.
Ele vive sem nenhum aparelho eletrônico, telefone e, até três meses atrás, não tinha energia elétrica. Aceitou ligar depois da insistência dos amigos.
Cleverson também não vai ao comércio, só consome o que planta e colhe em seu terreno. Com a companhia de quatro gatos, que vivem livres na mata, o morador garante não ser contra aos novos tempos e também diz que não está tentando provar nada a ninguém, somente a si mesmo.
“É possível viver bem sem o que a sociedade comum está acostumada. O ser humano se adapta a qualquer situação e hoje sei que podemos viver muito bem, sem quase nada do que imaginamos como necessário”, relata.
Cleverson decidiu mudar radicalmente de vida há 11 anos. Morador de Curitiba, tinha uma vida agitada como comerciante. Certo dia, cansado do trânsito, dos incômodos, do estresse, da insegurança, resolveu causar uma reviravolta na própria vida. Largou tudo e correu para serra catarinense. Procurou por um terreno afastado de tudo, porém, próximo à natureza. Ao encontrar, decidiu construir uma casa simples, mas aconchegante, onde pudesse viver em paz. “Queria provar para mim mesmo que era possível estar longe de tudo e, mesmo assim, viver feliz e saudável, e consegui”, diz.
Solteiro e sem filhos, Cleverson vive sozinho, mas queria dividir sua alegria com quem passa pelo acesso ao Morro da Igreja em busca de belas paisagens. Criou o Vale dos Sonhos, um restaurante com alimentação natural e vegetariana com capacidade para dez pessoas. “As pessoas aparecem por curiosidade e vão repassando a informação. Quero dividir a minha alegria com os demais, mas de forma simples”, conta.
Fonte: NDonline
A Enseada (The Cove) Legendado BR from Libertas on Vimeo.
Conceito proposto pelo filósofo e ecologista norueguês Arne Næss em 1973, a Ecologia Profunda é um conceito filosófico que vê a humanidade como mais um fio na teia da vida. Cada elemento da natureza, inclusive a humanidade, deve ser preservado e respeitado para garantir o equilíbrio do sistema da biosfera.
Enquanto a ecologia seria um estudo das interações entre os seres vivos e destes com o ambiente, a Ecologia Profunda é uma forma de pensa e agir, dentro da ecologia ou de qualquer outra atividade.
O conceito foi proposto como uma resposta ao paradigma dominante e à visão dominante sobre o uso dos recursos naturais.
A ecologia profunda possui influência do pensamento de Gandhi, Thoreau, Rousseau, Aldo Leopoldo e muitos outros.
Arne Naess era também estudioso do Budismo e de filosofias orientais, influências marcantes no modo de agir do ecologista profundo. É sensível a influência que a filosofia taoista exerceu sobre todo o movimento ecológico.
É notável também que diversas sociedades humanas, especialmente indígenas, praticavam uma vida de acordo com este modo de ver e agir a respeito da biosfera. A definição mais recorrente de Ecologia Profunda se dá justamente por meio do discurso do índio norte-americano Chefe Seattle. Em sua carta ao presidente Franklin Pierce, ele afirma:
"De uma coisa sabemos. A terra não pertence, ao homem: é o homem que pertence à terra. Todas as coisas estão interligadas, como o sangue que une uma família. Tudo quanto agride a terra, agride os filhos da terra. Não foi o homem quem teceu a trama da vida: ele é meramente um fio da mesma. Tudo o que ele fizer à trama, a si próprio fará."
Pelo lado científico, há grande influência de novas descobertas científicas como a teoria da complexidade e a teoria do caos. Baseia-se em novas formas científicas de pensar, conhecidas como pensamento sistêmico.
Nas palavras de Fritjof Capra: "O ambientalismo superficial é antropocêntrico. Vê o homem acima ou fora da natureza, como fonte de todo valor, e atribui a natureza um valor apenas instrumental ou de uso. A Ecologia Profunda não separa do ambiente natural o ser humano nem qualquer outro ser. Vê o mundo como uma teia de fenômenos essencialmente inter-relacionados e interdependentes.Ela reconhece que estamos todos inseridos nos processos cíclicos da natureza e somos dependentes deles"
A introdução do livro "A Vida Secreta da Natureza", de Carlos Cardoso Aveline, define assim a Ecologia Profunda: "A natureza, cuja evolução é eterna, possui valor em si mesma, independentemente da utilidade econômica que tem para o ser humano que vive nela. Esta ideia central define a chamada ecologia profunda – cuja influência é hoje cada vez maior – e expressa a percepção prática de que o homem é parte inseparável, física, psicológica e espiritualmente, do ambiente em que vive".
Fonte: http://pt.wikipedia.org
A natureza, cuja evolução é eterna, possui valor em si mesma, independentemente da utilidade econômica que tem para o ser humano que vive nela. Esta idéia central define a chamada ecologia profunda – cuja influência é hoje cada vez maior – e expressa a percepção prática de que o homem é parte inseparável, física, psicológica e espiritualmente, do ambiente em que vive.
Na nova era global, milhões de pessoas voltam a perceber que o sentimento de comunhão com a natureza é um dos mais elevados de que o ser humano é capaz, e fonte de grande felicidade. Não é coisa do passado ou um costume do tempo das cavernas. Ao contrário, deverá marcar as civilizações do futuro. Em qualquer tempo histórico, o convívio direto com a natureza foi e será um fator decisivo para o bem-estar físico e psicológico do ser humano.
A expressão ecologia profunda foi criada durante a década de 1970 pelo filósofo norueguês Arne Naess, em oposição ao que ele chama de “ecologia superficial” – isto é, a visão convencional segundo a qual o meio ambiente deve ser preservado apenas por causa da sua importância para o ser humano.
Ao nível superficial, o homem coloca-se como centro do mundo e quer preservar os rios, o oceano, as florestas e o solo porque são instrumentos do seu próprio bem-estar. Quando olha para o meio ambiente com esta preocupação, o homem só enxerga os seus próprios interesses, já que, inconscientemente, se considera a coisa mais importante que há no universo. Olha a árvore e vê madeira. Olha o solo e vê o potencial agrícola ou a possível exploração de minérios. Olha o rio e vê um curso d’água navegável por barcos de determinado porte. Ele sabe que deve preservar os chamados recursos naturais, porque são preciosos. A natureza para ele é um grande cofre, abarrotado de riquezas renováveis, mas que deve ser cuidadosamente preservado. Daí a necessidade de autoridades ambientais atuantes e uma boa legislação que preserve o meio ambiente.
Este nível da consciência ecológica tem importância, porque faz com que os seres humanos questionem seu comportamento econômico e comecem a perceber mais claramente que a ética, afinal, dá bons resultados. A postura mais primitiva, de mera pilhagem, vem sendo deixada de lado em grande parte da economia. As políticas públicas de meio ambiente têm reforçado até hoje prioritariamente este primeiro nível, claramente insuficiente, de consciência ambiental. A multa, a repressão, a aplicação da legislação ambiental e a fiscalização seriam instrumentos muito úteis a curto prazo, se no Brasil a política nacional de meio ambiente não tivesse sido tão persistentemente esvaziada.
Mas as boas notícias são mais fortes que as más. Uma nova consciência empresarial já repensa o conjunto das atividades econômicas a partir da meta de administrar sabiamente, a longo prazo, os recursos naturais. As gerações mais recentes de empresários e executivos trazem consigo uma forte consciência ambiental. Sua atitude é compatível com a descrição holista do universo e com a ecologia profunda. Progresso econômico e bem-estar material deixam de ser inimigos da preservação ambiental ou da busca espiritual. As novas tecnologias permitem aumentar a produção, ao mesmo tempo que se diminui, radicalmente, o impacto ambiental. O verdadeiro progresso econômico – surge agora um consenso em torno disso – deve ser socialmente justo e ecologicamente sustentável. As medidas convencionais e de curto prazo para a preservação ambiental combatem os efeitos da devastação e pressionam pela gradual adaptação das atividades econômicas às leis da natureza. Mas a ecologia profunda dá um sentido maior às estratégias convencionais de preservação. Atacando as causas ocultas da devastação, projeta e estimula o surgimento de uma nova civilização culturalmente solidária, politicamente participativa e ecologicamente consciente.
Em última instância, as causas da destruição ambiental são o individualismo ingênuo, o sentimento de cobiça material sem freios e a ilusão de que o ser humano está separado do meio ambiente, podendo agir sobre ele sem sofrer as conseqüências do que faz. Ter isto claro é importante. No entanto, não basta uma percepção teórica deste dilema ético. Além de compreender intelectualmente o princípio da unidade ecológica de tudo o que há, é oportuno vivenciar e deixar-se inspirar pelo sentimento da comunhão com a natureza. Deste modo, aprende-se a colocar cada um dos processos econômicos e sociais a serviço da vida, já que é absurdo pretender inverter o processo e colocar a vida a serviço deles.
Não há, pois, oposição real entre a ecologia convencional ou de curto prazo e a ecologia profunda ou mística. São dois níveis diferentes de consciência. Ambos são indispensáveis, e são mutuamente inspiradores. Foi em meados da década de 1980 que diversos pensadores – Warwick Fox, Henryk Skolimowski e Edward Goldsmith, além do próprio Arne Naess – começaram a produzir textos variados a partir do ponto de vista da ecologia profunda. A nova física e a nova biologia, com Fritjof Capra, Gregory Bateson, Rupert Sheldrake, David Bohm, e também os trabalhos científicos de James Lovelock e Humberto Maturana, entre outros, deram legitimidade científica à ecologia profunda. Em sua vertente religiosa, esta corrente de pensamento tem ampla base de apoio na tradição mística de todas as grandes religiões da humanidade. São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia, está longe de ser uma figura isolada.
Cauteloso, Arne Naess recusou-se a criar um sistema racionalmente coerente – um circuito fechado de idéias – capaz de limitar o conceito de ecologia profunda, e manteve-o como uma idéia aberta segundo a qual a variedade da vida é um bem em si mesma. Para Naess, esta ecologia surge do reconhecimento interior da nossa unidade com a natureza. O fato nem sempre requer explicações e muitas vezes não pode ser descrito com palavras. Mas a ação freqüentemente mostra com clareza o que é ecologia profunda.
Em certa ocasião, um rio da Noruega foi condenado à destruição para que fosse construída uma grande hidrelétrica. As margens do curso d’água seriam inundadas para que se fizesse o lago da barragem. Um nativo do povo Sami recusou-se, então, a sair do lugar. Quando, finalmente, foi preso por desobediência e retirado dali à força, ele não teve opção. Mais tarde a polícia perguntou-lhe por que se recusara a sair do rio. Sua resposta foi lacônica:
“Este rio faz parte de mim mesmo”.
O indígena estava certo. O meio ambiente faz, realmente, parte de nós mesmos. São dele o ar que respiramos e a água que compõe 70 por cento do nosso corpo físico. Dele vêm os nutrientes que renovam a cada instante as nossas células. Esta unidade dinâmica não está limitada ao plano material da vida, mas também é psicológica e espiritual, mesmo que alguns de nós não tenham plena consciência disso.
Trexo extraído da introdução do livro “A Vida Secreta da Natureza” do jornalista Carlos Cardoso Aveline.
Quem não estiver em São Paulo, promova uma mobilização em sua região! Baixe dicas e os materiais de mobilização no site do SOS Florestas e mostre, com seus amigos, que o Código Florestal Brasileiro não pode ser queimado. Não se esqueça de registrar tudo com fotos e vídeo e colocar no site do Movimento.
O CECA - Centro de Educação e Cidadania Ambiental realiza nos dias 26 e 27 de maio o evento Recriar - Ciclo de debates sobre resíduos sólidos. O objetivo é debater os temas relacionados à Política Nacional de Resíduos Sólidos, que dispõe sobre a gestão e gerenciamento de resíduos sólidos, observada a seguinte ordem de prioridades: não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos. As palestras serão ministradas por representantes das principais entidades do setor, além de especialistas no assunto.
Data: 26 e 27 de maio de 2011.
Local: Auditório da OAB Santa Catarina.
Informações: (48) 4141 3901
Valor da inscrição
- Profissional: R$ 70,00
- Estudante: R$ 35,00
Formas de pagamento
- Depósito bancário;
- Pagamento no CECA;
- No local do evento (auditório OAB Santa Catarina)
Dados bancários para depósito
- Banco do Brasil
- Agência: 3544-0
- Conta Corrente: 98 287-3
*Os comprovantes de depósito feitos em conta deverão ser encaminhados via email para contato@projetoceca.com.br ou apresentados quando da chegada do participante no evento.
Formulário de inscrição, clique aqui!
(CECA, 10/05/2011)
Em Turpan, no noroeste do país, os sistemas tradicionais não conseguem mais atender à demanda de água
Sentado ao lado de seu pai no quintal de uma antiga casa tradicional uigure de tijolos ocre, Kalik comemora: “Nós conseguimos produzir 500 quilos de uva por dia”, diz. Essa produtividade é um milagre, considerando as condições climáticas às quais está submetida Turpan, oásis situado em pleno deserto, na região de Xinjiang, extremo noroeste da China. O solo é seco, muitas vezes arenoso. As chuvas não passam de 20 milímetros ao ano. Reportagem de Harold Thibault, em Le Monde.
O jovem sabe que deve sua produção, que sustenta toda sua família, ao canal que passa a alguns passos da propriedade e foi escavado quatro séculos atrás. É uma das artérias do karez, um sistema de irrigação que remonta a mais de dois milênios e que serviu de corda de segurança para esse oásis, funcionando como parada para as caravanas que tomavam a antiga Rota da Seda. Esses canais de irrigação, outrora chamados de “qanats”, se encontram em diversas regiões áridas da Ásia Central.
“A água é doce, ela provém diretamente da Tian Shan”, explica Kalik, evocando as Montanhas Celestiais, a cordilheira que atravessa a região a quilômetros de Turpan. A rede de canais subterrâneos permite que a água das montanhas chegue até essa depressão, ao mesmo tempo em que evitam a evaporação nessa zona onde a temperatura pode chegar a 50 graus Celsius durante os meses de verão.
Na frente da casa ainda florescem cerejeiras, mas o milagre tem sido colocado duramente à prova há alguns anos. A algumas ruas de lá, os trabalhadores migrantes se empenham nos canteiros de obras de concreto, que aos poucos vão tomando conta dos antigos bairros tradicionais. O sistema de irrigação acompanha com dificuldades o ritmo de crescimento. Turpan não escapa da urbanização maciça e da superexploração dos recursos naturais. Para uma cidade chinesa, ela continua tendo uma dimensão modesta, mas a população hoje ultrapassa os 600 mil habitantes, sendo que em 1949 ela possuía 67.300.
Nos lençóis freáticos
Se os habitantes conseguiram cultivar em pleno deserto uma uva que se tornou famosa em todo o país, foi graças aos 5 mil quilômetros de canais. Mas, superexplorados e mal cuidados, estes secaram. Somente 300 dos 1.237 karez registrados em 1957 ainda estão em funcionamento. O ecossistema que havia se organizado em torno deles está se degradando.
Ao mesmo tempo, a produção agrícola, principal fonte de atividade econômica em Turpan, decolou. A área a ser irrigada passou de 60 mil hectares em 1970 para 113 mil em 2008. Como os karez não fornecem mais água o suficiente para garantir os rendimentos e alimentar as habitações modernas, o vilarejo começou a retirar diretamente dos modestos lençóis freáticos.
Como consequência direta dessa decisão, seu nível tem baixado de 1,5 a 2 metros por ano, calcula o Banco Mundial. “Com o rápido crescimento econômico desses últimos anos, o consumo de água vem subindo e ultrapassa as quantidades disponíveis, levando a um uso excessivo dos lençóis”, observava a instituição em 2010.
“Nos cinco últimos anos, a água se tornou menos abundante, isso se vê particularmente em julho e agosto”, constata Liu Daohong, um trabalhador agrícola que chegou há dez anos da província central de Henan. Ele trabalha em um campo irrigado diretamente pelos lençóis freáticos. Assim como ele, muitos migrantes Han, a etnia maioritária na China, vieram se instalar em Turpan, atraídos pela possibilidade de encontrar um emprego no setor agrícola, nessa região onde a maioria da população pertence à etnia uigure.
A alguns quilômetros ao sul da cidade, a constatação é similar no “jardim botânico”, na verdade um laboratório de pesquisa no meio da natureza sobre a capacidade das plantas de resistirem em zona árida extrema e de servirem de barreira natural contra o avanço do deserto. “Há dez anos, nós podíamos encontrar água a 18 metros de profundidade, mas hoje é preciso perfurar entre 25 e 30 metros. Preferimos utilizar a água a uma profundidade de 156 metros, pois é menos salgada”, explica um professor da Academia de Ciências chinesa, especializada no combate à desertificação.
Ao se conscientizar sobre a ameaça que pesa sobre Turpan, a China deu início a grandes obras, cujo custo deverá ser de US$ 204 milhões (R$ 330 milhões). Três reservatórios serão construídos nas montanhas próximas, a fim de assegurar o abastecimento de água durante o ano, a um custo de US$ 142 milhões (R$ 230 milhões).
No papel, esses projetos apresentam o papel histórico dos karez. Mas as autoridades locais não parecem realmente convencidas do futuro desses canais: do total de somas liberadas, somente US$ 500 mil serão dedicados à recuperação de um único karez, um projeto apresentado como um experimento.
Tradução: Lana Lim
Reportagem [La Chine fait face à une désertification accélérée] de Le Monde, no UOL Notícias.
EcoDebate, 09/05/2011
A argumentação de Rebelo é da mais pura retórica. Em primeiro lugar, quer nos fazer crer que todo o seu esforço é tão só e simplesmente por salvar da falência – que viria por conta das multas por transgressão do código florestal – a milhares de pequenos agricultores. O fato é que centenas de grandes e poderosos fazendeiros e empreendimentos de agro-negócio efetivamente se beneficiarão (em prejuízo do bem comum), mas o Deputado parece considerar isso um pequeno e desprezível efeito colateral.
O deputado também abusa da retórica quando sugere que alguém gostaria de enquadrar na legislação atual propriedades abertas ao tempo de Tomé de Souza. Alguém precisa avisar o deputado que, sendo o foco dos problemas ambientais no Brasil atual, sobretudo as terras de cerrado e da Amazônia, Tomé de Souza ou qualquer outro Governador Geral nada tem a dizer. Mas é importante para a argumentação de Rebelo misturar e confundir os fatos. Pelo mesmo motivo ele sugere que o reconhecimento, como Áreas de Preservação, das terras acima de 1.800 metros, inviabilizaria a ocupação dos altiplanos no Peru e na Bolívia. Só faltou, como máximo exagero, dizer que o melhor a fazer, para atender aos ambientalistas, é devolver o Brasil aos índios.
O outro foco da argumentação de Aldo Rebelo está na insistência de que “nenhum” país do mundo possui qualquer legislação que trate de Reserva Legal ou algo equivalente. Sequer a mata ciliar estaria legalmente protegida naqueles que ele referiu como “países ditos ‘civilizados’”. A pergunta, ora explícita, ora implícita, que o Deputado nos dirige é: por que nós temos que fazer isso, se os “concorrentes” (o termo é dele) dos nossos produtores não o fazem?
Não é preciso ouvir ou ler mais nada do que diz o Deputado para que se revele o que ele entende por “princípios” ou “códigos éticos” de conduta. O raciocínio dele, pobre, mas cristalino, é esse: se os outros não fazem, por que é que nós vamos fazer?
Como todos sabemos, esse é o raciocínio que justifica toda sonegação fiscal, toda corrupção, todo superfaturamento de obras, todo aumento absurdo de proventos de Parlamentares em todos os níveis. Em resumo: o raciocínio do tipo “se ninguém faz, por que nós vamos fazer?” é o argumento dos sem princípio.
O último tipo de argumento, também falacioso, do deputado comunista, sugere que a manutenção da exigência de um grande percentual da propriedade rural como reserva legal (na Amazônia, sobretudo) significa abrir mão de território, de solo, de subsolo e de recursos hídricos que, de outro jeito, estariam contribuindo para “elevar o padrão de vida material e espiritual” da população brasileira (as palavras entre aspas são do artigo do deputado no Estadão, em 30 de abril último). Será que o Deputado prestou atenção, há algumas décadas atrás, quando se propalava aos quatro ventos que o ouro e os minérios de Carajás pagariam nossa dívida externa? Será que o Deputado não sabe que a exploração do minério em Carajás, ao contrário, aumentou nossa dívida externa (pela construção de uma ferrovia e de um novo porto no Maranhão) e, ao final, a riqueza que continua sendo produzida lá não enriquece ao povo brasileiro, mas àqueles que já são ricos? Será que o deputado acredita, sinceramente, que as enormes plantações de soja que destroem floresta amazônica, áreas de pantanal e de cerrado, e comprometem nossos recursos hídricos, para produzir a alimentação do gado no 1º mundo, estão “elevando” nosso padrão de vida material e espiritual?
Será que o deputado acredita na teoria da conspiração que propala por aí, de que os países ricos “usam o meio ambiente para nos bloquear o acesso a uma vida melhor”? Será o Deputado Aldo Rebelo uma pessoa tão obtusa e de raciocínio tão confuso? Ou terá ele se tornado apenas mais um subserviente dos acordos com o agro-negócio, jogando no lixo as bandeiras históricas daqueles que construíram, no passado, alguns dos mais importantes partidos de esquerda no Brasil?
Há alguns anos o deputado Aldo Rebelo ganhou certa notoriedade ao tentar legislar sobre a língua portuguesa. Escreveu absurdos, fruto de uma péssima assessoria e do mau hábito de parlamentares de julgarem-se peritos em qualquer coisa. Na época, aliás, ninguém alertou ao Deputado Rebelo que em “nenhum país do mundo” se legisla sobre língua; ao menos, isso não acontece em países ditos “civilizados”. Lembrei-me, com alguma nostagia, daquela iniciativa ingênua do deputado. Se aprovada aquela sua lei anti-estrangeirismo (era disso que se tratava), ela seria inócua, isto é, não produziria efeitos sobre a realidade lingüística, como não produziu efeito a revogação da Lei da Gravidade, por aquele prefeito do interior, segundo uma antiga piada. Mas, se aprovada sua versão negociada do Código Florestal, o futuro condenará nossa geração por essa opção lesa-pátria. E ninguém, no futuro, nos concederá a desculpa da ingenuidade, muito menos para o Deputado Aldo Rebelo.
Registra a memória brasileira dos tempos da ditadura, que um dos generais ditadores do Brasil, indagado sobre o que achava de Chico Buarque, teria dito que gostava muito da “fase romântica” do compositor. Chamado a comentar a resposta do general, Chico Buarque teria respondido: “Também me agradava a fase romântica do General”.
Lembro dessa história aqui, para dizer que, apesar de ingênua e equivocada, lembro com alguma saudade da fase de “gramático” e “normatizador a língua” do Deputado Aldo Rebelo.
Wilmar da Rocha D’Angelis
Linguista e indigenista, é professor no Instituto de Estudos da Linguagem na Unicamp