segunda-feira, 25 de maio de 2009

Ambientalistas que comem carne: uma contradição?


Não é preciso muito para chegar à conclusão de que, em termos de consumo de terra, água e energia, é de longe mais eficiente viver de plantas do que alimentarmo-nos dos cadáveres de animais que, por sua vez, tiveram que comer enormes quantidades de plantas para abastecer o seu próprio crescimento e desenvolvimento.

Estudos de veganos (dieta sem produtos animais), vegetarianos (comem leite e ovos), e omnívoros (que comem carne e peixe) demontraram já, sem sombra de dúvida, que os seres humanos, crianças incluídas, podem ser perfeitamente saudáveis sem comer carne.

A novidade é o crescente reconhecimento de que estamos a atingir os limites de capacidade dos recursos do nosso planeta, e a aceitação, por parte de entidades internacionais com autoridade, de que a razão principal desse fato é a crença geral - a nível mundial e ainda a aumentar - da necessidade de se comer carne.

O aquecimento global é cada vez mais aceito como o desafio do séc. XXI, e o mais recente relatório da FAO (Food and agriculture organization, ou seja Organização para a alimentação e agricultura), das Nações Unidas, intitulado "Livestock's long shadow" (A enorme sombra do gado), mostra, sem a menor dúvida, a importância da nossa escolha em termos alimentares no que se refere a este assunto:

"O setor da agro-pecuária é um dos dois ou três que mais contribui para os mais graves problemas ambientais, tanto a nível local como global.

O setor agropecuário (...) é responsável por 18 por cento das emissões de gases de efeito de estufa, medidos em equivalentes a dióxido de carbono (CO2). É uma percentagem mais alta do que os gases emitidos por meios de transporte.

A procura de carne e de alimento para os animais para abate tem originado a destruição de florestas e, como consequência, o aumento massivo das emissões de CO2.

Apesar das provas mais que evidentes de que é necessária uma mudança de hábitos, a maior parte destas organizações continua a achar que a carne vai estar sempre presente nas nossas vidas. Enquanto que reconhece o impacto negativo do consumo de carne no ambiente, a FAO estima que o consumo de leite e carne seja o dobro do atual em 2050.

Eles viram o problema, e a solução está à frente dos seus olhos, contudo parece que os líderes mundiais simplesmente não conseguem imaginar um futuro que não dependa dos produtos animais.

No entanto, se nós não conseguimos imaginar um futuro assim e dar imediatamente os passos para torná-lo realidade, então não teremos mesmo nenhum futuro. Se dermos o salto rapidamente ainda nós poderemos dar ao luxo de olhar para as gerações passadas do miradouro do único futuro viável - de onde um ambientalista que come carne será visto como um conceito tão absurdo como um esclavagista igualitário.

Renato Pichler
Presidente
União Vegetariana Europeia
www.euroveg.eu
president@euroveg.eu

http://www.euroveg.eu/lang/pt/news/press/20070605.php

escrito/traduzido por : sónia cruz / mateus mendes

4 comentários:

Daniela Lima disse...

Bem... mesmo assim continuarei comendo meu bifinho semanal ok??? rsss

ECO-CONSCIÊNCIA disse...

Olá Daniela,
Penso que a ideia (a meu ver) seria mais eficiente sugerindo pelo menos a diminuição do consumo. Por exemplo, na dieta mediterrânea (uma das mais saudáveis do mundo), o consumo de carne é a cada 15 dias, e de peixe 2 vezes por semana. Os brasileiros tem um consumo excessivamente superior a maioria dos países europeus, o que eleva a taxa de problemas cardíacos, etc; sem falar na questão ambiental.

Saudações Eco-Conscientes!

Leandro disse...

Logico que não se pode pregar uma coisa que você mesmo não cumpre, esse é um grande erro dos ambientalistas, falar: Poxa, o mundo seria bem melhor se ninguem comece carne.
Mas quando vai pra uma churrascaria come aquela picanha suculenta não é.

Algo que se deve ter em mente é sempre quando criticar uma pessoa, olhar para você mesmo antes, não só no caso da dieta, mas em todos os assuntos.
Sou vegetariano e realmente acho que é uma contradição, mas não posso obrigar que todos sejam assim, embora adoraria, cada coisa ao seu tempo acredito que um dia isso vai mudar.

Desculpe o texto
abrç!!!

ECO-CONSCIÊNCIA disse...

Leandro;

Apesar de ser um vegetariano convicto, penso que essa não seja uma escolha que implique em salvar o mundo, mas uma decisão PESSOAL que deve ser respeitada.

Mas esta “provocação” é pertinente para nos fazer PENSAR!

Abraços.