segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Primeiro-ministro do Butão cria nova fórmula para calcular riqueza


Felicidade Nacional Bruta é mais importante do que o Produto Interno Bruto de um país, defende o primeiro-ministro do Butão, Lyongpo Jigme Thinley. Ele está em Foz do Iguaçu, onde participa da 5ª Conferência Internacional sobre Felicidade Interna Bruta (FIB), que foi encerrada nesta segunda-feira (23/11).

Pequeno país budista da Ásia, situado na Cordilheira do Himalia, o Butão está atraindo a atenção de governantes e economistas de vários países com sua nova fórmula para o cálculo de riqueza e desenvolvimento. “Quando o Poder Público articula políticas públicas, algumas questões são fundamentais. Desenvolvimento é ser feliz, caso contrário não é desenvolvimento. É preciso articular em conjunto o bem-estar psicológico, o uso do tempo, a vitalidade da comunidade, a cultura, saúde, educação, diversidade do meio ambiente, o padrão de vida e a governança”, explica o primeiro-ministro.

Líder do primeiro governo democraticamente eleito no país, Thinley disse que a adoção da FIB como forma de medir a prosperidade e a felicidade de seu povo fez parte de sua campanha à eleição no ano passado. Lembrou que o termo FIB foi criado em 1972 pelo rei butanês Jigme Wangchuck, na época com 16 anos, “para se contrapor às medições puramente materiais do PIB” - a soma de serviços e bens produzidos em determinado período.

Entretanto, sua aplicação como prática de governo começou este ano, quando outros países se interessaram por essa nova forma de gerir seus recursos. A psicológa e antropóloga Susan Andrews é a coordenadora do FIB no Brasil. Fundadora do Instituto Visão Futuro, ela coordena o projeto pioneiro na periferia de Itapetininga (SP), numa parceria com a prefeitura municipal. “São aplicados questionários que relacionam os indicadores do FIB com os moradores. Normalmente, o que percebemos é que até certo nível é importante a base material, mas chega um ponto em que os bens materiais não são mais indicadores para a felicidade”, ressaltou.

O que o ser humano realmente aspira ao longo de sua passagem pela terra é a felicidade, concordam os participantes do congresso. O consenso é de que houve tempos em que a economia era orientada para o bem comum, a felicidade humana, ou seja, a economia era serva do homem. Depois, na modernidade, o homem passou a ser servo da economia. De acordo com material divulgado pelos organizadores, atualmente, o próprio criador do índice PIB, Simon Kuznetz, Prêmio Nobel de Economia, compreende que essa prática não é boa e precisa de revisão.

Em sua palestra, Jon Hall, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), diz que a crise econômica internacional tem levado diversos países a revisar seus conceitos sobre desenvolvimento. Entre eles estão o Canadá, a França, Austrália, Nova Zelândia, Suíça, Espanha, Hungria, África do Sul, Tailândia e Coreia do Sul, e o grupo segue crescendo. “Não necessariamente os países devem adotar a metodologia que o Butão desenvolveu. O importante é que as pessoas se reúnam e discutam maneiras de avaliar o progresso de suas comunidades, organizações e países, para que sejam adotadas as políticas públicas”.

(Agência Brasil)

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